Não é fácil dizer se um tipo de embalagem tem mais impacto ambiental do que outro porque são diferentes os materiais, as técnicas de produção, as possibilidades de reciclagem, a velocidade de decomposição, etc. Apesar da dificuldade, vamos tentar estabelecer uma escala de impacto ambiental para embalagens. Para isso, vamos considerar vários fatores, pois quando o assunto é meio ambiente, só a análise global do problema nos leva a boas conclusões. Alguns aspectos ambientais foram avaliados com certa subjetividade, mas a escala é satisfatória para diferenciar as embalagens mais verdes das que causam maior dano ambiental.

Classe | Impacto ambiental | Tipo de embalagem |
A | Muito baixo | Caixa de madeira (verduras) Saco de estopa (grãos) |
B | Baixo | Caixa de papel reciclado Garrafa retornável de vidro |
C | Médio | Cartucho de papel (panificadora) Frasco de vidro não retornável Galão plástico retornável (água) Lata de aço (conservas) Lata de alumínio (cerveja) Pacote de papel virgem |
D | Alto | Frasco plástico Garrafa PET (refrigerante) Sacola plástica (supermercado) Plástico bolha |
E | Muito alto | Bandeja de isopor Embalagem longa vida (leite) Lata de aerossol (desodorante) Papel parafinado (copos) Papel plastificado Sache de plástico metalizado |
Para entender como a tabela foi montada, consulte a planilha de dados clicando aqui. (Formato xls).
Fatores de impacto ambiental
A seguir, os fatores considerados para a análise de impacto ambiental de embalagens.
Custo ambiental de fabricação. A produção da embalagem envolve gasto de energia e de matérias primas. Em muitos casos, a fabricação gera subprodutos nocivos e poluição. O papel é um exemplo de material com elevado custo ambiental de fabricação. Sua matéria prima é madeira reflorestada, sua fabricação usa produtos químicos agressivos, consome energia e gera grandes volumes de efluente líquido.
Origem da matéria prima. O material usado na produção da embalagem pode ter origem renovável ou extrativa. O papel, por exemplo, vem de fonte renovável: a madeira. Já o plástico, vem do petróleo que é extraído da natureza e não é renovável.
Reutilização. A reutilização é ambientalmente positiva para embalagens. O caso clássico é o das garrafas de vidro retornáveis para cerveja e refrigerante. Uma mesma garrafa pode ser utilizada dezenas de vezes. O caminhão que leva as garrafas cheias ao ponto de venda retorna com as embalagens vazias evitando gasto adicional com transporte. A cada utilização a embalagem precisa ser lavada, mas o custo ambiental da lavagem é mais fácil de contornar do que o descarte.
Reciclagem teórica. Temos um crédito ambiental quando a embalagem pode ser usada na fabricação de uma nova embalagem ou de outro bem. Estamos falando de condições técnicas de reciclagem e em viabilidade econômica, o que não quer dizer que a reciclagem aconteça efetivamente.
Reciclagem efetiva. Quando a reciclagem é uma realidade econômica e as taxas de reciclagem são significativas, alcançamos um estágio maduro e sustentável. Um bom exemplo é o das latinhas de alumínio, que no Brasil têm uma taxa de reciclagem bastante alta.
Reciclagem ilimitada. Alguns materiais podem ser reciclados indefinidas vezes sem perda de qualidade. É o caso do alumínio, do aço e do vidro. O papel, por outro lado, perde qualidade a cada reciclagem. Em função disso, o papel reciclado tem utilizações menos nobres do que o papel de fibra virgem.
Matéria prima virgem e reciclada. Uma embalagem que usa apenas matéria prima virgem está em desvantagem em relação a outra que apresenta matéria prima reciclada na composição
Velocidade de decomposição. São preferíveis as embalagens que se decompõem rapidamente quando lançadas no meio ambiente. O motivo é simples: precisamos reduzir a sobrecarga dos depósitos de lixo e evitar que embalagens lançadas no ambiente fiquem se acumulando indefinidamente. Nesse quesito, o papel leva vantagem e o vidro é um campeão de longevidade.
Ciclo de produção e decomposição. Embalagens que se degradam em ciclo fechado são preferíveis. Vamos explicar. Decomposição é a transformação em substâncias mais simples e naturais. O papel, ao se degradar se reduz a gás carbônico e água. O aço se converte em óxido de ferro. De certa forma, nos dois casos temos um retorno à natureza. O papel veio da árvore que absorveu gás carbônico do ar. O aço das latas veio da mina onde existia sob a forma de óxido de ferro. Caso diferente é o do plástico, que é produzido a partir do petróleo. O plástico se degrada muito lentamente e no final se converte em gás carbônico. Seu ciclo não é fechado, pois estamos injetando carbono na atmosfera que antes estava armazenado no subsolo em forma de petróleo. Em outras palavras: a degradação do plástico lentamente aumenta o aquecimento global.
Você parece ter conhecimento de causa. O fato é que os quatro insumos principais que usamos nas embalagens: papel, plástico, vidro e metal, todos geram alto impacto ambiental. Por isso, temos que reduzir, reutilizar e reciclar, São os três RRR.