Coleta seletiva do lixo

“Leve o lixo para fora!” Você já ouviu esta frase muitas vezes, não é mesmo? Mas onde fica esse lugar chamado fora? Para muita gente, pode ser em qualquer lugar desde que bem longe dos olhos e do nariz. Sob o aspecto ambiental, porém, o lugar fora onde se joga o lixo, por longe que seja, ainda é um lugar dentro do planeta.

A lei da conservação da matéria, enunciada por Lavoisier, é clara: Nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Não há como fazer o lixo simplesmente sumir. Ele vai se transformar. Geralmente, se transforma em problema, mas há inúmeras soluções para se transformá-lo em algo com valor econômico. Boa parte do lixo sólido é reciclável, ou seja, pode ser aproveitado para produzir novos bens reduzindo a sobrecarga dos depósitos e economizando matérias-primas virgens.

Vários tipos de coleta seletiva

Aqui, vamos falar da coleta seletiva, uma ação individualmente responsável que é ponto de partida para a reciclagem dos resíduos sólidos. Os programas de coleta seletiva podem ser realizados em vários níveis de eficiência e de sofisticação. Tudo depende da maturidade dos envolvidos e da disposição de cada um para dar sua contribuição. Vamos apresentar vários cenários de coleta seletiva:

  • Básico: é o modelo de duas lixeiras: recicláveis x não recicláveis.
  • Evoluído: ou multi-seletivo onde usamos vários tipos de lixeiras.
  • Avançado: modelo ideal que segue as melhores práticas.

Coleta seletiva básica

Do ponto de vista econômico, os materiais do lixo mais interessantes para reciclagem atualmente são vidro, papel, plástico e metais. Para participar de uma coleta seletiva básica, você precisa de apenas duas lixeiras, uma para depositar materiais recicláveis e outra para os demais resíduos.

Em Curitiba, cidade onde moro, quando foi iniciado o programa de coleta seletiva da prefeitura, o slogan da campanha era: separe o lixo do lixo que não é lixo. Na lixeira para recicláveis devem ser colocados vidros, papéis, metais e plásticos. Na outra lata, a do lixo comum, vai o lixo orgânico e outros resíduos sólidos não recicláveis.

Lixeira dos recicláveis:

  • Papel
  • Plástico
  • Vidro
  • Metal

Lixeira dos demais resíduos:

  • Lixo orgânico.
  • Lixo não reciclável.

A separação do lixo doméstico em duas categorias é uma forma simples de iniciar um programa de coleta seletiva. As pessoas vão formando consciência e começam a prestar atenção no lixo que produzem. A desvantagem desse tipo de separação é que os materiais recicláveis ficam misturados, o que exige um trabalho posterior de classificação feito pela prefeitura, pelos catadores ou por empresas de reciclagem.

Em outras palavras, alguém terá que remexer no lixo reciclável e separar o papel do vidro e o metal do plástico. Além do mais, os materiais não são preparados antes de serem descartados e perdem qualidade para a reciclagem. Apesar disso, a coleta básica é ótima para impulsionar a indústria da reciclagem, que em etapas futuras poderá avançar mais. Há quem diga que esta é a melhor abordagem porque de qualquer forma será preciso fazer uma triagem profissional dos reciclagem e não compensa estressar a população leiga com detalhes de classificação dos recicláveis.

Muitas prefeituras brasileiras não fazem sequer a coleta básica, mas se você mora em uma cidade sem coleta seletiva municipal, ainda assim pode separar o lixo. Certamente você vai encontrar em sua cidade catadores ou empresas de reciclagem interessadas em lixo reciclável. Condomínios e empresas, que geram volumes maiores, podem inclusive lucrar com a separação do lixo, vendendo materiais para a reciclagem.

Esse tipo de coleta seletiva simplifica o trabalho de classificação dos materiais recicláveis e ajuda a preservar a qualidade deles. Em condomínios e empresas, o uso das latas coloridas facilita a comercialização dos recicláveis.

Coleta seletiva evoluída

Na coleta seletiva evoluída ou multi-seletiva fazemos a separação dos materiais recicláveis do lixo de forma mais produtiva. Para isso, é preciso usar várias lixeiras. Normalmente, se usa seis lixeiras coloridas, uma para o lixo orgânico (marrom) e quatro outras para separar plásticos (vermelho), vidros (verde), papéis (azul) e metais (amarelo). Além disso, a lixeira cinza vai receber os não-recicláveis. A coleta seletiva com recipientes coloridos tem se difundido bastante. Eles já são comuns em áreas públicas, no entanto, no Brasil ainda não é comum separar o lixo dessa forma em casa.

Esse tipo de coleta seletiva simplifica o trabalho de classificação dos materiais recicláveis e ajuda a preservar a qualidade deles. Em condomínios e empresas, o uso das latas coloridas facilita a comercialização dos recicláveis.

Seis lixeiras: Plástico, papel, metal, vidro, não-reciclável e orgânico.

Coleta seletiva avançada

Na coleta seletiva avançada são adotadas as melhores práticas para garantir uma cadeia de reciclagem forte, que dá resultados econômicos, sociais e ambientais. A coleta avançada exige consciência do cidadão, alguns conhecimentos sobre os materiais e boa vontade.

Separação detalhada

Uma parte considerável do material reciclável não chega a ser aproveitada porque é entregue à reciclagem misturada com outros materiais. Fazer a separação na indústria não é simples, por isso as pessoas podem ajudar nessa tarefa em casa. Fazendo uma separação detalhada do seu lixo você estará garantindo que a reciclagem se dará com a maior eficiência possível.

Na coleta avançada podem ser usadas lixeiras coloridas, para deixar cada material no seu lugar. Veja as cores padronizadas:

Preparo do material

Na coleta avançada, temos que preparar os materiais antes de enviá-los para a reciclagem. Esse preparo é importante e não se trata de deixar por conta do consumidor um serviço que hoje é feito pelos recicladores. Trata-se de uma questão de eficiência. Se o consumidor passar uma água na embalagem de leite antes de colocá-la no lixo, por exemplo, a qualidade dela ficará preservada para a reciclagem. De outra forma, quando essa embalagem suja chegar à reciclagem já estará embolorada e inviável para a reciclagem. Veja alguns cuidados a tomar antes do descarte das embalagens:

  • Material misturado. Não envie materiais misturados para reciclagem. Por exemplo: se um frasco de vidro tem tampa metálica e rótulo em papel, coloque cada material na lixeira correta.
  • Material limpo. Os materiais devem ser enviados limpos para a reciclagem. Embalagens plásticas que continham produtos úmidos, por exemplo, devem ser escorridas e enxaguadas com um pouco de água.
  • Material seco. Os materiais devem ser enviados secos à reciclagem. A umidade compromete a qualidade da reciclagem e favorece o aparecimento de maus cheiros, insetos e roedores.
  • Compactação. Os materiais devem ser compactados para reduzir seu volume. Amasse os frascos plásticos e forme pilhas compactas de papel. Assim você economiza espaço em casa na armazenagem dos materiais e simplifica o trabalho de quem os recolhe.
  • Vidro inteiro. Embalagens de vidro não devem ser quebradas, mas caso você tenha cacos para enviar à reciclagem embale-os com papel ou plástico para evitar que os trabalhadores da reciclagem se cortem.

Coleta especial

Na coleta seletiva avançada alguns materiais presentes no lixo são tratados de forma especial. São os produtos perigosos, os que apresentam risco à saúde pública, os que são reciclados por empresas especializadas, etc. Veja a seguir, os principais casos de coleta especial.

  • Agrotóxicos. As embalagens de agrotóxicos devem ser devolvidas aos fabricantes. As embalagens devem ser enxaguadas três vezes com água antes do envio para a coleta seletiva. A água usada no enxágue deve ser aproveitada na aplicação do produto. Depois do enxágue devem ser inutilizadas, ou seja, furadas ou cortadas para evitar que sejam reutilizadas.
  • Baterias e pilhas. As baterias e pilhas são fabricadas com metais como chumbo e cádmio. Lançados na natureza, esses metais acabam contaminando a água e são causadores de doenças graves ao ser humano. Baterias e pilhas devem ser devolvidas aos fabricantes que tomarão as providências para sua reciclagem.
  • Caliça. As sobras de demolições e de obras civis podem ser usadas na produção de materiais de construção. Em algumas cidades existe coleta especial para esse tipo de resíduo.
  • Lâmpadas. Alguns tipos de lâmpada liberam gases perigosos à saúde quando quebradas, por isso, devem ser recolhidas inteiras e enviadas ao fabricante que tomará as providências para sua reciclagem.
  • Lixo hospitalar. Estão nessa categoria embalagens de remédios, ataduras, gazes, seringas, agulhas, etc. Esse tipo de material não deve ir para o lixo comum, pois pode propagar doenças, causar intoxicações, etc. Normalmente, o lixo hospitalar é incinerado. Algumas cidades possuem coleta especial para resíduo hospitalar.
  • Óleo de cozinha usado. O óleo comestível não deve ser lançado no lixo comum, no solo ou na rede de esgoto. Quando é lançado no solo, contamina os lençóis subterrâneos de água. Na rede de esgoto, causa o entupimento das tubulações. O óleo usado deve ser coletado em um frasco e enviado para uma empresa que pode utilizá-lo como matéria prima para novos produtos como sabão, por exemplo.
  • Pneus velhos. O pneu tem um ciclo de vida muito longo. Permanece no ambiente por séculos sem se decompor. A água da chuva se acumula neles, que passam a servir de incubadora para larvas de mosquitos como o da dengue. A reciclagem de pneus deve ser feita em empresas especializadas. Com o pneu velho é possível fabricar asfalto, por exemplo. No Brasil, por lei, os fabricantes de pneus são responsáveis pela reciclagem dos pneus velhos. Informe-se como devolver os pneus velhos ao fabricante em sua cidade.
  • Sobras de jardinagem: esse lixo é formado por folhas, galhos, raízes, enfim, por matéria orgânica que pode ser aproveitada, inclusive para gerar adubo. Em algumas cidades, existe coleta especial para resíduos de jardinagem.
  • Solventes e tintas. Latas de tinta, solventes e outros resíduos líquidos inflamáveis ou tóxicos devem ser entregues para a reciclagem especializada.
Lixo perigoso.
Lixo hospitalar.

Resíduos

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