Papel higiênico: um assunto enrolado

Antes que me chamem de eco chato, aviso que não vou lançar aqui propostas mirabolantes como usar o papel higiênico dos dois lados. Minha ideia inicial era fazer um elogio ao rolo de papel higiênico de 90 m, mas pesquisando na Internet encontrei tantas opiniões enroladas sobre esse papel fundamental que resolvi ir um pouco além.

30, 60 ou 90 m?

Os rolos de 30, 60 e 90 m têm praticamente o mesmo tamanho e, por isso, dar preferência ao rolo de 90 m é uma atitude ecológica que gera economia de embalagens, transporte e armazenagem do produto.

Também considere mais ecológicos os rolos sem tubo ou aqueles que são vendidos “amassados” para economizar espaço na gôndola.

Branqueado?

O papel branquinho é fabricado com produtos químicos agressivos, tem custo de produção mais alto  e resistência mecânica inferior. Tudo isso para produzir um efeito estético duvidoso. Prefira o papel em sua cor natural.

Papel reciclado?

Tecnicamente, é difícil produzir papeis somente com fibra reciclada devido à sua baixa resistência mecânica, mas como o papel higiênico é um produto descartável, é melhor usar o máximo possível de fibra reciclada na sua composição, mesmo que isso o deixe menos macio.

Jogar papel no vaso sanitário?

Algumas pessoas pensam que jogar papel no vaso sanitário é coisa de primeiro mundo e que para isso existe o tal do papel higiênico biodegradável. Todo papel higiênico é biodegradável, pois é feito de celulose. O papel dito biodegradável é invenção de algum marqueteiro picareta. Trata-se apenas de um papel com menos cola, que dissolve facilmente na água.

Quem lembra das aulas de ciências sobre conservação da matéria sabe que o papel lançado no vaso sanitário não vai desaparecer milagrosamente. Ele permanece dissolvido na água e há o risco de acabar poluindo córregos e rios. Se todo mundo jogar o papel usado no vaso, as estações de tratamento de esgoto terão que ser ampliadas para dar conta do volume maior de matéria orgânica lançado na água.

Como no Brasil essas estações são raras, geralmente é melhor colocar o papel usado no cesto para que seja enviado ao aterro sanitário. A destinação como resíduo sólido é mais barata e viável em nossa realidade.

Compostagem doméstica?

O papel higiênico usado poderia ir para a compostagem doméstica se não fosse o problema do risco sanitário da propagação de doenças. Deixe o papel higiênico usado para a coleta pública. Algumas prefeituras fazem a compostagem industrial do lixo orgânico, mas nesse caso, o processo inclui uma etapa final de desinfecção para eliminar o risco sanitário.

Alternativas?

O papel higiênico é uma invenção antiga dos chineses, usada há séculos pela nobreza daquele país. Sua produção industrial para as massas é recente e começou no século XIX. Durante milhares de anos, portanto, as pessoas comuns usaram a criatividade para limpar suas partes.

O que poderia substituir o papel higiênico nos dias de hoje? Toalhinhas laváveis? Ducha no vaso sanitário? Palha de milho? Ideias não faltam, embora não sejam livres de impacto ambiental. Deixo essas soluções criativas para os ecologistas mais ousados.

Pois é, o papel higiênico rende discussões apaixonadas, talvez porque toque em uma área sensível do ser humano, mas sensibilidade tem limite, né? Aquele papel higiênico branquinho, de folha dupla ou tripla, gofrado, super macio e perfumado não é conforto, é frescura.

Eco-consumo

Minimalismo raiz x minimalismo Nutella

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