Crítica | A culpa é do Fidel

Educação prafrentex

La Faute à Fidel
Direção de Julie Gavras
França : 2006 : 99 min
Com Nina Kervel-Bay (Anna),
Julie Depardieu (Marie) e
Stefano Acccorsi (Fernando)

Embora o filme mostre vários “comunistas barbudos comedores de criancinhas” e alguns “ricaços porcos imperialistas” prefiro vê-lo como uma obra sobre educação e não sobre política. Exemplos sobre o que não fazer ao educar os filhos são abundantes no filme e acredito que devia ser exibido em todos os cursos de pedagogia como case de dificuldades educacionais. Além disso, o filme traça um perfil divertido de esquerdistas e direitistas que se assemelham entre si em muitos aspectos e competem no quesito fundamentalismo tacanho.

Como não educar os filhos

Anna e seu irmão têm pais militantes de esquerda e avós católicos tradicionalistas. Ela estuda em colégio de freiras, mas não é autorizada pelo pai a assistir as aulas de catecismo. As duas crianças viveram por alguns anos em ótimo conforto material, mas depois que os pais se engajaram na militância a família se mudou para um apartamento pequeno e as condições de vida ficaram mais precárias.

Os pais de Anna vivem ocupados e ausentes e quem cuida das crianças são babás estrangeiras que vem e vão de uma hora para outra. O apartamento da família está sempre cheio de pessoas estranhas, de barbudos fumantes e de mulheres estressadas que ficam o tempo todo discutindo política.

Acredito que os conflitos do filme se reproduzem em outros contextos e são comuns, daí seu toque universal. Quantas crianças crescem confusas e divididas diante da competição de adultos que tentam inculcar na cabecinha delas valores e costumes opostos.

Crianças aprendem apesar dos pais

Anna é uma menina inteligente, observadora, rigorosa e com uma maturidade além de sua idade. Ela não gosta nem um pouco da vida que está levando por conta da militância de seus pais. Anna bem que preferia uma vida tranquila com menos conflitos e tensões. Como é uma garota decidida ela reage com energia contra as situações que lhe deixam confusa enquanto seu irmão menor nem entende nem se incomoda com sua nova realidade. Os barbudos a chamam de pequena múmia, apelido dado aos reacionários no Chile, mas ela não é uma burguesinha mimada, é apenas uma garota esperta que quer entender o mundo.

Em alguns momentos, os pais de Anna tratam a garota como se fosse um míni adulto, utilizando argumentações exaltadas toda vez que querem passar algum valor que julgam fundamental na formação dela. Eles amam os filhos certamente, mas a militância distancia pais e filhos e as crianças não têm suas carências emocionais atendidas.

Na ânsia de educar os filhos para os valores socialistas os pais chegam a praticar irresponsabilidades como levar crianças a uma passeata em que fatalmente haverá confrontos violentos com a polícia. Esses pais arrojados para a política, mas pouco preparados para os desafios de educar precisariam de uma escola de pais, como a maioria dos pais certamente.

Um drama com toques de humor sobre formação e política com fatos históricos ao fundo. Sensível e preciso ao traçar perfis psicológicos. Felizmente, as crianças se adaptam facilmente às mudanças. As novidades continuarão acontecendo na vida da pequena Anna e ela terá de enfrentar novos desafios com seu jeito decidido e sagaz. Essa menina tem futuro.

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