Crítica | O vampiro da noite

O clássico B sobre o príncipe das trevas

Horror of Dracula
Direção de Terence Fisher
1958 : Inglaterra : 82 min
Com Peter Cushing (Van Helsing) e
Christopher Lee (Drácula)

Quase morri de medo ao ver esse filme pela primeira vez. Era uma noite fria de inverno e alguns galhos, agitados pelo vento, batiam contra a vidraça da sala. Pudera. Eu era criança e o filme passava em nossa TV preto e branco na sessão coruja. Quando voltei a esse clássico B, em pleno terceiro milênio, já não o achei assustador. Mudaram os filmes de terror ou mudei eu?

Terror à moda antiga

Horror of Dracula é um filme de vampiros à moda antiga. O melhor em sua categoria embora dispute cabeça a cabeça com o Drácula de 1931 estrelado pelo mítico Bela Lugosi. Nesse filme, o grandalhão inglês Christopher Lee encarnou pela primeira vez o Príncipe das Trevas. O sucesso foi tanto que a produtora Hammer Films fez outros sete filmes de Drácula com Lee. Peter Cushing, outro ícone do cinema de horror, faz mais uma dobradinha com Lee.

O roteiro não é fiel ao livro de Bram Stocker. A história passa-se toda na Alemanha em vez de começar na Transilvânia e continuar em Londres. Outras liberdades em relação ao livro são praticadas, mas isso não é um problema. Os filmes de Drácula raramente são fiéis à obra original.

Como todo filme de vampiros que se presa, a primeira tentativa de acabar com o morto vivo acontece a poucos minutos do pôr do sol. Nem precisa dizer quem vai levar a melhor nesse caso. Mas tudo bem, no final, vem o confronto entre Van Helsing e Drácula, a poucos minutos da alvorada, é claro.

Luxúria contida

Em filme de vampiros não pode faltar algum erotismo. Implícito, é claro. Mas esse filme é inglês e foi rodado em tempos austeros e, por isso, a luxúria está lá de forma bem velada. Um charme a mais, convenhamos. É interessante ver o que a maldição vampiresca faz com as mulheres em filmes desse gênero.

As virgens são atraídas para a perdição como borboletas para a luz. Quando sofrem o primeiro sangramento, tornam-se astutas e não há mais quem consiga libertá-las da obsessão de repetir a experiência doentia. Por fim, ao se transformarem em vampiras perdidas, se revelam perigosas manipuladoras que farejam sangue quente a distância e usam todas as armas da sedução para saciarem seu apetite voraz. Nada a ver com o mundo real, obviamente.

Em Horror of Dracula não poderia ser diferente. Chega a ser uma crueldade do roteirista fazer a loirinha abrir a porta de seu quarto para o vampiro enquanto  lá fora seu marido monta guarda olhando para a janela da amada no frio da madrugada pensando que ela está segura.

Quem assistir, encontrará ingredientes fundamentais a um filme cult: produção artesanal, interpretações estilizadas, cenários toscos, efeitos especiais precários, mas com aquela magia e ingenuidade que que nos faz adorar até as suas deficiências. Talvez esse filme já não aterrorize o público como no passado, pois nossa sensibilidade foi entorpecida pela violência explícita do terror contemporâneo, mas assisti-lo ainda é uma experiência saborosa que mistura a nostalgia de tempos mais ingênuos com o fascínio pela mitologia dos vampiros.

Marcante

  • O caça vampiros Van Helsing (Peter Cushing) improvisa uma cruz com dois candelabros para lançar Drácula contra os primeiros raios de sol da alvorada que se infiltram pela janela.

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2 pensou em “Crítica | O vampiro da noite

  1. Como vc, amigo, eu tinha quando criança/adolescente um fascínio especial por filme de terror; especialmente por filmes de vampiros e interpretados pelo grande/incomparável Christopher lee… NO mais, também penso como vc no tocante a ” . Talvez esse filme já não aterrorize o público como no passado, pois nossa sensibilidade foi entorpecida pela violência explícita do terror contemporâneo, mas assisti-lo ainda é uma experiência saborosa que mistura a nostalgia de tempos mais ingênuos com o fascínio pela mitologia dos vampiros…”. Valeu. Abraços.

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