Arquivo da categoria: Letras

A literatura nunca evolui

A literatura é a mesma desde Homero. Calma lá. Antes de iniciar o apedrejamento permitam-me esclarecer e no final vocês verão que a maioria das celeumas começam por meras divergências semânticas.

Para chegar onde quero começarei falando da linguagem dos índios: Será possível fazer poesia na língua dos ianomanis, que vivem lá na Amazônia, em estado de relativo isolamento, imersos numa cultura supostamente primitiva? Como expressar as angústias de um poeta do final do milênio em ianomani, se na realidade deles não existe asfalto, web, poluição, papel ou globalização e por conseguinte não existe vocabulário para expressar tais coisas. A língua dos ianomanis seria muito primitiva para nossa sofisticada poesia cosmopolita?

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O úrtimo dedo de prosa caipira

Num sei se é impricância minha, mas inté parece que é só nesses meis de festança e arraiá que o pessoar ainda fala co aquele jeitão caipira de antigamente. A prosa do interiô tá sumindo sumindo e num sei inté quando vai durá. Às veis eu inté vejo os artista da tevê falando em caipireis naquelas novela de época da Grobo. Tem uns escritor que gosta de escrevê no jeito regionar e os violero de raiz, mas o povo que é povo, esse já num qué mais falá caipira.

Na escola, os professô imprica cos caipira, nos jornar só usam um tar de portugueis padrão, que inté que é bão, mas não é só ele que nóis devia usá. A língua é do povo e pra ela ficá bem viçosa, carece que ela seja bem variada. Se ficá tudo iguar que graça é que vai tê?

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Ler muito enlouquece?

A leitura faz bem. Embora alguns considerem que toda leitura é bem-vinda, prefiro me restringir às boas, deixando de fora diarreias mentais como o jornal Hora do Povo ou a revista Caras. A sabedoria popular, porém, diz que ler demais, se não enlouquece, pode deixar o cara meio esquisitão. Em uma fase da minha vida fui um leitor compulsivo, então posso dar meu testemunho de ex-quisitão. Realmente, excesso de leitura tem efeitos colaterais e pode deixar sequelas. No meu caso, o resíduo daquele período foi uma estante de mil livros e uma certa rabugice crônica.

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Como se pede um x-salada (cheese-salada)?

Todo mundo conhece aquele sanduíche que leva hambúrguer, salada (alface e tomate), maionese e queijo (cheese). A maioria das lanchonetes anuncia o produto como x-salada e outras, em menor número, como cheese-salada. O x-salada é um item da culinária fast food vendido aos milhões nas lanchonetes do Brasil, mas a sua ortografia ainda não foi fixada nos dicionários nem no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.

A análise desse caso pitoresco renderia uma monografia a um desocupado, mas para os propósitos deste post bastam algumas perguntas sem resposta.

x-salada
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