Retórica da monografia

Monografia é um discurso dissertativo curto de tema único e restrito. Muitos discursos como redação escolar, notícia, reportagem, pronunciamento de ocasião, relatório, palestra, entre outros, se enquadram nessa definição bastante genérica. Tal diversidade torna quase impossível estabelecer uma Retórica de monografias.

Qualquer tentativa neste sentido terá que se basear no geralmente aceito e geralmente válido, procurando estabelecer critérios de excelência suficientemente gerais para atender a discursos tão díspares entre si. Passemos à exposição de alguns critérios consagrados.

Retórica

Unidade temática

A monografia deve se ocupar de um só tema, quanto mais restrito melhor. Embora a unidade temática seja parte da própria definição de monografia, esta regra precisa ser frisada por causa de tendências dispersivas que permeiam o discurso. Por que unidade temática? Pela produtividade: a atenção se concentra num só tema até esgotá-lo.

Divisão em partes

A monografia deve se dividir em partes, cada uma abordando uma divisão do tema. Dentro de cada parte vale a regra da unidade temática. Exemplo: uma monografia que aborda um problema pode ser dividida em definição, efeitos, causas e soluções. Na abordagem das causas, só causas, na dos efeitos, só efeitos.

A divisão em partes deve ser acompanhada de recursos de segmentação que permitam identificá-las, tais como, o parágrafo e os capítulos.

As partes devem ser organizadas segundo uma ordem conveniente ao objetivo visado. As ordens possíveis são muitas, o que se vê no tópico próprio.

Deve-se estabelecer uma ligação fluida entre as partes para que resulte uma impressão de continuidade. Essa ligação estabelece a ponte entre uma parte e outra, e impede a percepção do salto. As ligações podem ser feitas com balizas de ligação. Como tratamos de regras geralmente aceitas, é bom registrar as exceções. Na notícia, por exemplo, essa regra não é seguida, pois, se as partes tiverem interligação, fica impossível suprimir uma parte da matéria, o que é necessário, às vezes, para atender necessidades de espaço no jornal.

Introdução ou exórdio

É a parte inicial da monografia tem uma ou mais das seguintes funções:

  • indicar o início do discurso.
  • atrair a atenção do receptor.
  • dissipar animosidades.
  • angariar simpatias.
  • fixar a atenção do receptor.
  • estabelecer o tema, a tese ou o objetivo.

Desenvolvimento ou exposição

É a parte central e mais extensa da monografia. Se o tema comporta subdivisões, elas devem ser apresentadas segundo uma ordem conveniente. Para monografias que visam à persuasão, recomenda-se ordens gradativas ascendentes. No jornalismo considera-se que a tendência do leitor abandonar o texto sempre é maior nas partes iniciais. Por isso, no jornalismo procura-se ordenar as partes de modo que o mais interessante, importante, prioritário fique por primeiro.

A Retórica Clássica recomenda para as monografias argumentativas a seguinte ordem de argumentos: 2-1-3, ou seja, primeiro os argumentos médios, no meio os mais fracos e por último os melhores.

Encerramento ou peroração

É a última parte da monografia e deve cumprir uma ou mais das seguintes funções:

  • lançar o apelo, se o discurso for persuasivo.
  • concluir, no caso de matéria de discussão.
  • resumir o que foi desenvolvido, para rememorar ou preparar o apelo.
  • sintetizar o exposto.
  • acenar para o receptor com a informação do término da monografia.
  • lançar o elemento novo, inesperado, interessante, extra, ou outra solução que dê ao final um destaque e faça o receptor encerrar a monografia com impressão positiva.

Acabar quando termina. Esta é uma das qualidades que o receptor espera do discurso, quer dizer, quando chega-se ao ponto final, o receptor deve estar satisfeito, saciado e não fará perguntas do tipo: ‘E daí?’, ‘Terminou?’, ‘E o resto?’ Para isso, algumas regras têm de ser observadas: as expectativas geradas têm de ser dissipadas; se houver tese, ela deve ser provada.

Retóricas específicas

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