A Retórica literária é a mais difícil de delimitar. Em literatura, mimetiza-se o formal e o informal, o espontâneo e o elaborado, o oratório, o jornalístico, a discussão, o colóquio e o debate. Assim, a Retórica da literatura nestes casos será a Retórica do jornalístico, do colóquio, do debate, etc.
O caráter literário de um discurso não está dado a priori de uma estética que o suporte. A literariedade não é uma atribuição unânime, líquida e certa, é definida obra a obra, autor a autor, escola a escola, época a época. Não está congelada no Olimpo das ideias platônicas à espera de um estudioso diligente que a resgate. O que é literário para uns pode ser o antípoda do literário para outros. Enfim, literariedade é questão de opinião. Nunca haverá acordo para definir universalmente o que é o literário. Felizmente é assim.
Então, como estabelecer uma Retórica literária? Só há um método razoavelmente válido. Primeiro tomar um corpus geralmente aceito para observação. Depois, estabelecer o que é válido no geral para o corpus. Quem estabelece o corpus literário de alto nível de que precisamos é a crítica dos leitores mais qualificados.
Não existe um estilo, uma linguagem literária distinta essencialmente dos demais discursos. Um discurso só ganha o estatuto de literário por um juízo de valor estético. Para compor o discurso literário, o escritor lança mão dos mesmos recursos que estão disponíveis para a criação dos demais discursos. Não há estilos, nem recursos retóricos exclusivamente literários. Assim, não é a metáfora nem a rima, nem o verso que estabelecem a poesia.
Não é a ‘opacidade’ de um recurso retórico nem um suposto ‘desvio’ a um modo normal de discursar que fundam o caráter literário. No discurso literário podemos encontrar o estilo culto, o elevado, a gíria, o arcaísmo, o racional, o conciso, o opulento, o opaco e o claro, figuras que causam estranhamento e figuras que não causam estranheza alguma. Decididamente não há formas essencialmente literárias.
Se entendermos função como uso, então a linguagem tem um uso poético. Ela pode ser matéria-prima para gerar objetos estéticos, no caso, discursos. Isso não significa de modo algum que esse uso quando ocorre seja apartado de outros usos como as funções referencial, emotiva, apelativa, metalinguística, fática.
Primeiro porque o literário na maioria dos casos mimetiza todas essas funções. Segundo porque pode se dar que a função poética se estabeleça justamente a partir de suas funções referencial, apelativa, etc. Exemplificando: a literatura dita engajada só tem sua função poética cumprida na medida em que desempenha sua função apelativa. A literatura naturalista só cumpre sua função poética se desempenhar a sua função referencial de dar a conhecer uma realidade.
Dizer que a função poética da linguagem acontece quando o discurso se ocupa de si mesmo, quando se tem discurso sobre discurso ou quando o que está em jogo é exclusivamente a forma, é uma redução brutal que deriva de uma proposta estética formalista radicalizada que não combina com conhecimento científico.
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Obrigada!! Preciso escrever uma monografia e seu material auxiliou - me. Parabéns!