A evolução e o retrocesso dos refrigeradores

Eu estava remexendo em documentos antigos quando encontrei o manual de uma velha geladeira Prosdócimo comprada há quase vinte anos. No manual estava colada a etiqueta do Inmetro que naquela época já avaliava a eficiência energética das geladeiras. 37,5 kWh/mês era o consumo registrado para esse refrigerador de uma porta sem frost free e capacidade de 304 litros que era um aparelho médio para a época.

De lá para cá, a fabricante paranaense Prosdócimo foi adquirida pela americana Electrolux. O modelo similar produzido atualmente pela Electrolux tem capacidade de 317 litros e eficiência energética de 28,4 kWh/mês. Graças à evolução tecnológica os refrigeradores de hoje consomem 25% menos energia. Seria de se comemorar esse ganho ambiental, não fosse um detalhe. Geladeiras de uma porta e sem frost free estão sumindo das lojas.

Refrigeradores cada vez maiores

A linha da Electrolux, por exemplo, é formada principalmente por aparelhos frost free com duas portas e capacidades maiores que a dos modelos populares há vinte anos atrás. Alguns modelos atuais chegam próximo de 500 litros de espaço refrigerado.

Vamos imaginar que a velha geladeira Prosdócimo está bem conservada e revisada e mantem seu consumo original. Se o proprietário trocar essa geladeira por um modelo mais moderno, digamos uma frost free de 300 litros e uma porta, praticamente não verá alteração em sua conta de luz, já que esses aparelhos consomem em torno de 35 kWh/mês. Se ao contrário, ele optar por um modelo de mesma capacidade, mas com duas portas verá seu consumo subir para 50 kWh/mês.

Eficiência maior x tamanho maior

A indústria de refrigeradores bate forte na tecla da eficiência energética. A maior parte dos aparelhos vendidos nos magazines é categoria A pelo Inmetro, no entanto, quase todos consomem mais energia do que a velha geladeira Prosdócimo de vinte anos atrás. O meio ambiente não está se beneficiando com a evolução tecnológica dos refrigeradores, pois o que importa mesmo para fins de sustentabilidade é o consumo absoluto de energia. Talvez o Inmetro pudesse repensar sua classificação de aparelhos por categorias, afinal o que conta mesmo é consumo absoluto em kWh/mês.

Será que precisamos de toda a capacidade de refrigeração dos aparelhos atuais? Faz sentido incrementar os refrigeradores com recursos voltados para a comodidade, mas que aumentam a conta de luz e prejudicam o meio ambiente?

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