As definições compreensivas de recurso retórico são feitas tentando sempre se adequar a um elenco subentendido de ocorrências. O contrário não acontece: definir recurso retórico para só depois gerar o elenco. A tradição pressiona neste sentido, o que torna difícil, por exemplo, pensar em recurso retórico sem pensar em metáfora. Estabelecido o elenco de ocorrências, busca-se uma definição que enquadre todas as ocorrências elencadas.
Nos diversos tratados de Retórica notáveis há diferentes entendimentos do que é recurso retórico. Mesmo assim, desses tratados é possível obter um elenco comum de recursos. Cruzando, por exemplo, as citações de Tavares, Todorov e Grupo Nü, obtemos um elenco comum formado por alegoria, alusão, antanáclase, antimetábole, comparação, elipse, hipérbato, hipérbole, ironia, litotes, metáfora, metonímia, pleonasmo, silepse, sinédoque e zeugma. Isso indica que embora haja divergências sobre a definição compreensiva de recurso retórico, há certo consenso sobre quais sejam os recursos retóricos mais relevantes, ou seja, há acordo sobre a definição extensiva do conceito.
O fato de os elencos de recursos citados por cada autor serem diversos entre si não se deve tanto à variação da definição compreensiva de recurso retórico autor a autor, mas à relevância que ele atribui a cada recurso em particular.
Pela disparidade que existe entre as ocorrências, as quais se pode chamar de recurso, sua caracterização será sempre uma tarefa indelegável do entendimento. Não há algoritmo para caracterizar recursos retóricos. Apesar disso, limitações podem ser propostas. Veja algumas importantes:
Primeira: o recurso tem de ser uma forma e não uma característica de formas. Por isso, atenuação e agravamento, por exemplo, não podem ser considerados recursos, pois há várias formas capazes de atenuar ou agravar. Pode-se atenuar com metonímias, elipses, ou com repetições.
Segunda: relevância. Um recurso deve ter relevância, primeiro para ser citado, em segundo para ser distinguido quando é caso particular de uma classe que também pode ser entendida como recurso retórico. Um exemplo: pode-se dizer que a metáfora tem relevância indiscutível para citação. Do mesmo modo, a repetição. Já é discutível a importância de se relacionar todos os casos particulares da repetição, como foi feito na retórica tradicional, que criou epanadiploses, epanáforas, epanalepses, epanástrofes, epânodos, epíforas, etc. Relevância é questão subjetiva. Por causa disso, as listas de recursos retóricos costumam ser diferentes entre si. Não são muitos os casos em que a relevância é unanimemente aceita.
Terceira: a relevância tem que ser estabelecida a partir da utilidade do recurso, para especificar e dar eficácia ao discurso no seu uso, mas nunca a partir de postulação estética e moral.
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