Genericamente, um metaplasmo é uma alteração intencional do código, é exercício de criatividade sobre a língua. Os metaplasmos são praticados nos diversos níveis linguísticos: gráfico, ortográfico, fonológico, gramatical.
Nosso interesse está voltado para o uso retórico dos metaplasmos, mas uma parte deles se difunde pelo uso e acaba levando à alterações diacrônicas do idioma. Além disso, existe uma relação estreita entre a criação de metaplasmos para uso retórico e a criação de léxico e gramática.
A seguir, sem pretensão de classificar nem de ser exaustivo, alguns tipos de metaplasmo:
Saussure já dizia que exceto alguns signos linguísticos icônicos, como as onomatopeias, a grande maioria deles tem relação arbitrária com seu significado. Realmente assim é para o signo enquanto objeto. Já com relação aos mecanismos de formação de nomes e neologismos, podemos dizer, imitando Quintiliano, que liberdade total para criar palavras só tiveram aqueles homens boçais dos primeiros tempos, que nomeavam conforme a primeira sensação que lhes causava o contato com as coisas.
A arbitrariedade na criação de léxico e de gramática é a exceção. Na maioria esmagadora dos casos, os nomes e os neologismos se formam a partir de palavras existentes, por vários meios, raramente arbitrários, muitos deles derivados de mecanismos de associação de significados. Os mecanismos de criação de léxico e de gramática costumam ser os mesmos com que se fazem os metaplasmos.
Aqui são classificados alguns mecanismos pela relação entre a origem e o resultado.
São as alterações fonológicas de um vocábulo para melhor se adaptar às tendências dominantes de pronúncia do idioma. Sua ocorrência é típica para os termos que são incorporados por empréstimo ao léxico. As acomodações prosódicas estão fora do domínio retórico e as leis que as regem são as da linguística. Não há manipulação retórica da acomodação prosódica.
A criação de léxico é criação de símbolos. Um símbolo representa alguma coisa convencionalmente em determinado contexto da cultura. A simbolização é uma categoria antropológica. Na linguística, a simbolização tem uma característica especial: o símbolo é palavra e como tal na maioria dos casos tem uma relação arbitrária com a coisa simbolizada. Mas o significante que origina o símbolo, no início do processo, geralmente, se referia a outra coisa, a algo que mantinha com o simbolizado uma relação especial, não arbitrária.
Assim, se a locução ‘calcanhar de Aquiles’ simboliza a fraqueza, é inegável a arbitrariedade da relação entre o significado ‘fraqueza’ e o significante ‘calcanhar de Aquiles’, mas igualmente é inegável a não arbitrariedade entre o significado ‘fraqueza’ e o significado imediato de ‘calcanhar de Aquiles’. Neste sentido, a simbolização linguística raramente é arbitrária. A rigor estamos diante de dois símbolos: o primeiro é a palavra tomada como coisa, o segundo, é o sentido imediato, original da palavra.
A origem da simbolização lingüística geralmente é metafórica ou metonímica. A relação entre o que é significado e o seu significante geralmente é arbitrária, eventualmente icônica.
Grupo fraseológico ou frase feita é a frase que se consagrou pelo uso repetido em contextos semelhantes, ganhando condição de léxico. Exemplos: ‘Dar com burros n’água.’ ‘Matar cachorro a grito.’ A frase feita é repetida sem alterações, exceto as flexões de concordância necessárias ao contexto.
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