Antes de tratar das relações entre ortografia e Retórica, vamos comentar algo sobre a ortografia em si, o que nos servirá de ponto de partida para propósitos posteriores.
Ortografia é um conjunto de regras que disciplinam a emissão do discurso na sua forma escrita, que é a forma traduzida do discurso oral e pode adotar como unidade mínima o fonema, a sílaba, o morfema, a palavra. Também pode ter representação unitária para categorias superiores à palavra, como locuções, nomes, frases.
A unidade mínima terá como correspondente na emissão visual, escrita, o grafema. As ortografias que usam o alfabeto romano são fonológicas. Ortografias que usam como unidade mínima a palavra, com alguma reserva, podem ser chamadas ideogrâmicas, pois remetem a palavras, que em geral remetem a ideias.
Todos que já se defrontaram com as dificuldades de aprendizado e as imperfeições das ortografias correntes, provavelmente, sonham com uma ortografia que tenha qualidades tais como simplicidade, economia, racionalidade, legibilidade, facilidade de aprendizado, univocidade, generalidade, etc. É o sonho da ortografia racional, do ‘se escreve como se lê’. Uma ortografia racional, entre outras, deveria atender um mínimo de preceitos como:
É aquela que independente de suas qualidades tem a referência oficial de forma socialmente preferida, de forma correta. A ortografia-padrão associa-se umbilicalmente ao idioma-padrão, tanto que oficialmente não se considera grafias para variantes regionais ou populares de pronúncia. Isso se explica porque na sua origem a ortografia foi estabelecida por grupos que detinham o privilégio da escrita e que se identificavam com a forma-padrão do idioma.
Algumas características da ortografia-padrão ocidental:
Muito do que se pode chamar de recursos retóricos ortográficos envolvem de algum modo a transgressão da ortografia-padrão. É esta transgressão que permite aproximar, por exemplo, o discurso escrito da fala. É pela transgressão que se produzem efeitos de estranhamento, crítica ou especulação.
Desobedecendo a ortografia-padrão, pode-se grafar variantes de pronúncia, variantes culturais. Por outro lado, autores podem estabelecer suas próprias convenções ortográficas para grafar aspectos do discurso não cobertos pela ortografia-padrão, tais como foco narrativo, uso de metalinguagem, etc.
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