Uma vez por semana percorro o quintal com uma pá e um balde nas mãos recolhendo a produção dos moradores caninos da casa. Nessa hora eu penso: ah, se isso valesse dinheiro. Vai valer um dia. Riam os que ainda acreditam na sociedade do consumo predatório. Lixo é o nome que damos hoje às matérias primas que queremos mandar para longe dos olhos e do nariz.
Virá o tempo em que vamos deixar de usar a palavra lixo. Eu bem que gostaria de usar o cocô de cachorro como adubo na horta. Essa matéria prima lá em casa é abundante, mas seria necessário um tratamento prévio para evitar o risco de contaminação dos alimentos. Já que é assim, por hora, a produção dos nossos cães acaba no aterro sanitário. No futuro, seremos responsáveis pelos nossos detritos, por todos eles. Felizmente, nesse tempo os resíduos terão valor de mercado porque tudo será reutilizado ou reciclado. Como já existe gente ganhando dinheiro com estrume tenho fé que um dia o Balu, nosso labrador, vai se tornar um cão com renda própria.
Crédito de imagem: Letícia Manosso
P. S. Post scriptum
Escrevi este post há mais de uma década e o revisei em 2020. Mantenho no ar porque ainda tem alguns acessos. O que está dito no post continua válido. Dia virá em que seremos responsáveis diretos pelos nossos resíduos.
Registro também a saudade do velho Balu, nosso labrador, que esteve conosco durante o crescimento dos meus filhos. Ele teve a uma vida boa, foi um grande amigo e deixou saudades.