Quando fazemos a segmentação dos enunciados, podemos chegar a um ponto em que não é mais possível desmembrar o segmento sem que se perca sua função semântica. Embora não seja simples definir exatamente o que é função semântica, vamos por hora considerar que o segmento exerce essa função quando porta algum tipo de significado.
Esse significado pode ser a evocação de uma noção do mundo real, a modificação de uma noção próxima, uma definição de número, tempo, o estabelecimento de uma relação entre itens adjacentes do discurso, etc. Quando chegamos ao ponto em que a continuidade da segmentação implica em ausência de significado, então chegamos ao nível de morfema. Morfema é o segmento significativo mínimo do discurso.
Os falantes do português não possuem uma intuição forte dos morfemas. Se pedirmos às pessoas que usam o idioma para segmentarem o discurso em morfemas, a maioria encontrará dificuldades, se não passar antes por um aprendizado. Em parte, isso se explica porque no uso da língua a intuição dos morfemas é praticamente desnecessária. Nossa cultura é voltada para a segmentação do discurso em palavras e frases, mas não em morfemas. O nosso sistema de escrita contribui para essa característica cultural. Na escrita hieroglífica, por exemplo, existem grafemas que representam morfemas do idioma egípcio. Usuários desse sistema de escrita certamente têm uma intuição mais forte dos morfemas.
A definição de morfema é semelhante à de palavra. A diferença está no fato de que a palavra é uma forma livre. Já o morfema pode ser livre ou preso.
Morfemas livres são aqueles que não se ligam obrigatoriamente a outros morfemas. Exemplos: um, de, mas, eu, sim. Veja que os exemplos dados podem ocorrer em várias posições nos enunciados de nossa língua sem que seja necessária a presença concomitante de outros morfemas para apoiá-los. Morfemas livres formam palavras de um só morfema, mas não se deve confundir palavra e morfema.
O morfema preso só ocorre concomitantemente a pelo menos um morfema adicional com o qual forma um conjunto indissociável. Exemplos: cant-ar, menin-inh-a-s. Na palavra cantar, temos dois morfemas indissociáveis: cant e ar. Não encontramos casos em língua portuguesa em que o segmento cant ocorre com independência do segmento ar ou outro da mesma classe que ar. Cant e ar são morfemas presos um ao outro. Os morfemas presos formam agrupamentos, que por sua vez são formas significativas livres mínimas, ou seja, palavras.
Um morfema não precisa ser formado obrigatoriamente por um conjunto de fonemas. A pausa delimita os sintagmas da frase, como os itens de uma enumeração, por exemplo. Quando a pausa tem função semântica, pode ser considerada morfema.
Na língua portuguesa, em muitos casos, a função semântica é cumprida pela ausência do morfema. A formação do número é bem característica desse caso. O plural costuma ser indicado pelo morfemas no final da palavra. Já o singular, é reconhecido pela ausência de morfema de plural, ou seja, na formação do número, a ausência é significativa. Quando a ausência do morfema é tratada pelo sistema da língua como significativa dizemos que a função é cumprida pelo morfema zero.
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