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Formas narrativas

Vamos começar tratando de três formas narrativas que admitem uma abordagem em conjunto: o conto, a novela e o romance. Um modo produtivo de tratar do conto, da novela e do romance como formas narrativas é por comparação. A diferença mais visível entre elas é a extensão física. Pode-se dizer que um conto longo pode ser confundido com uma novela curta, e que uma novela longa passa por romance curto.

Os limites são fluidos e subjetivos, mas os problemas de definição só aparecem nas zonas de interface. Ninguém chama um discurso narrativo com menos de dez mil palavras de romance, nem tampouco outro com cem mil palavras de conto. Pela extensão, conto é uma narrativa curta, novela é a narrativa de extensão média e o romance a de longa extensão. Esta característica de extensão condiciona outras características de cada tipo de narrativa. Por ser curto o conto tende a ser mais sintético, já o romance, mais analítico.

Por ser curto o conto costuma ter um núcleo de ação restrito enquanto o romance admite vários núcleos com raio de ação mais vasto, ou seja, o conto é mais versátil para temáticas que admitem um tratamento menos extenso, enquanto o romance é mais versátil para a abordagem de temas que exigem maior extensão no tratamento.

O conto, por ser mais curto, normalmente pode ser lido de uma só vez, com facilidade. Já o romance, para ser lido integralmente, sem interrupção, apresenta dificuldade para o leitor médio. Essas características tornam o conto diferenciado do romance na questão do envolvimento do leitor. No romance o contato do leitor com a narrativa é maior, mas truncado por intervalos. No conto, geralmente, a interação é mais curta, porém é realizada sem interrupção.

Romance mononuclear e plurinuclear

Existe uma dificuldade considerável em certos casos para se ter unanimidade sobre o que é um núcleo narrativo num dado romance. Noutros casos o problema é mais simples. O romance Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Marquez, por exemplo, é um caso típico de romance plurinuclear. Nesse romance os núcleos se desenvolvem em função dos personagens. Ao longo do livro o autor dedica atenção ora a um ora a outro personagem e, no final, tem-se várias biografias interligadas pelos laços familiares dos personagens.

Crônica

A característica marcante da crônica moderna é o fato de ela ser redigida para publicação em jornal. Isto a condiciona em muitas de suas propriedades, tais como:

  • Curta. Face à inércia do leitor típico, deve ser curta, como pede o jornalismo.
  • Leve. Na crônica, não se fazem raciocínios tortuosos, análises sofisticadas, sínteses maciças. A leitura da crônica, supõe-se, realiza-se em condições distensas, em que as dificuldades de processamento e compreensão afugentam o leitor. No jornalismo deseja-se manter a fidelidade do leitor.
  • Lúdica. A crônica deve ser a “sobremesa” do jornal. Após ler as duras notícias da vida, que nos jornais geralmente abundam, o leitor encontra na crônica um pouco de entretenimento para relaxar.
  • Atual. Os temas para a crônica devem estar preferencialmente no próprio jornal em que ela está impressa. Como texto para jornal, a crônica se contamina da exigência de contemporaneidade típica do jornalismo.
  • Jornalística. Ser relativamente fiel aos preceitos estilísticos do jornalismo, tais como: concisão, simplicidade, etc.

Seriado

O seriado é um conjunto de narrativas ou representações com as seguintes características:

  • Estanqueidade. Uma narrativa não se comunica e não depende da outra.
  • As ações de cada narrativa não causam alteração no perfil dos personagens comuns do seriado.

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Radamés

Engenheiro curitibano pela UFPR, professor e produtor de conteúdos e ferramentas educacionais para a Internet.

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