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Concisão

Há dois tipos básicos de concisão: de código e de discurso. Concisão é uma qualidade relativa e subjetiva dos códigos e discursos. Diz-se que um código ou discurso é mais conciso que outro quando transmite a mesma mensagem com menor extensão. Há o costume de dizer ‘código conciso’ ou ‘discurso conciso’ quando tal código ou discurso é mais conciso que a média de sua classe.

Concisão de discurso

A concisão de discurso é avaliada quanto à forma e ao conteúdo. Para avaliar o nível do conteúdo é preciso estabelecer algumas premissas sobre:

  • A ordem de grandeza da quantidade de significante esperada para o discurso. Uma frase pode ser considerada longa para título de uma notícia e concisa demais para ser o lide da notícia.
  • O grau de síntese desejado. Ganha-se concisão aumentando-se o grau de síntese, mas para cada discurso, dependendo de suas funções, existe um grau de síntese ótimo. Um livro de história pode contar um crime numa frase. O jornal do dia do crime o noticiará em uma coluna. Os autos do inquérito sobre o crime o descreverão em várias páginas. Pode haver concisão nos três casos.
  • O background externo do receptor. A concisão ótima será aquela em que não se discursa sobre o que é óbvio, trivial para o receptor.
  • O campo de interesse do discurso. O que não está dentro do campo de interesse prejudica a concisão e será considerado supérfluo, dispersivo, alheio.

Como obter concisão

  • Elipses. Isto inclui as elipses sintáticas, ortográficas, narrativas, lógicas e outras. A elipse elimina o que é previsível pela forma do discurso, ou pela implicação semântica.
  • Substituição equivalente. Quando se permuta ‘precipitação pluviométrica’ por ‘chuva’, ganha-se em concisão sem alterar a referência. A substituição equivalente elimina a abundância.
  • Síntese. A substituição pode ser uma generalização equivalente. É o uso da síntese. Por exemplo: ‘Entrou no banheiro, ligou o chuveiro, ensaboou-se, enxaguou-se, desligou o chuveiro e secou-se com a toalha.’ Pode-se substituir o texto anterior por ‘Tomou banho de chuveiro.’
  • Supressão de redundâncias e abundâncias.
  • Predomínio de palavras lexicais sobre as gramaticais.
  • Uso de metonímias elípticas.
  • Condensação.
  • Supressão do óbvio, do trivial, do supérfluo, do dispersivo.

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Radamés

Engenheiro curitibano pela UFPR, professor e produtor de conteúdos e ferramentas educacionais para a Internet.

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  • Texto muito bom, porém - e não o poderia deixar de ser - um tanto quanto resumido.
    Tópicos como os que se seguem: " elipses sintáticas, ortográficas (essa eu conheço), normativas, lógicas e outras"; "predomínio de palavras lexicais sobre as gramaticais" bem como "uso de metonímias elípticas" encontram-se somente citadas no texto acima
    obrigado
    Márcio

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Radamés
Tags: concisão

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