Propriedade é a característica do discurso ou do termo cujo significado é totalmente adequado para o contexto em que se aplica. No significado, considere-se também a conotação. A impropriedade altera a mensagem, causa dano. Há impropriedades sutis e outras em que o dano é considerável.
Há impropriedades típicas em todos os idiomas. Os manuais de gramática normativa estão sempre advertindo contra elas. No português, como exemplo, é tradicional a impropriedade que consiste em usar ‘inflação’ no lugar de ‘infração’ ou ‘flagrante’ no lugar de ‘fragrante’. Nesses casos, a confusão resulta da semelhança fonológica entre os termos trocados.
A impropriedade é constatada pela inadequação da mensagem ao contexto ou pela incoerência da mensagem resultante. Para sanar o dano causado pela impropriedade, é preciso haver alguma previsibilidade de correção. No caso das impropriedades tradicionais, a previsibilidade deriva da própria tipicidade da ocorrência.
O discurso com propriedade total é um sonho que naufraga diante de problemas como:
Para solucionar problemas de propriedade pode-se usar soluções como:
É comum se ouvir: ‘O termo tal, na acepção de fulano, …’ Ocorrências como esta são casos de uso ressalvado de signos. Quem discursa não encontra a solução própria, então recorre a um uso impróprio fazendo a ressalva para que este seja tomado com significação diferenciada. Há outros meios para efetuar a ressalva, tais como: uso de aspas no discurso escrito ou balizas como ‘com reservas’, ‘como dizem’, etc.
Tradicionalmente considera-se que as metáforas, ironias, metonímias e alegorias têm sentido impróprio. Essa tradição se lastreia na afirmação de que só se tem sentido próprio quando é possível a leitura imediata. Assim, diz-se que na metáfora ‘Maria é uma flor’ não há sentido próprio em ‘flor’ porque este signo só é pertinente a parte da planta e não à mulheres.
As metáforas são impropriedades apenas na leitura imediata. Mas não se faz metáforas para que sejam lidas pelo modo imediato. Na metáfora do exemplo dado, ‘flor’ representa parte de uma planta e não se está dizendo que Maria é uma planta. A metáfora tem seu algoritmo próprio de decifração que dissipa o ilogismo e, via de regra, as metáforas podem ser próprias ao contexto e em certos casos, mais próprias que termos que admitem leitura imediata.
Ao dizer ‘Ficou sem abrigo’ onde caberia ‘Ficou sem casa’ pratica-se uma impropriedade parcial, pois, ‘abrigo’ não tem o mesmo espectro de significação de ‘casa’. Não totalmente, mas há semelhanças. Ocorreu uma permuta de semelhantes. Em muitos casos essa forma branda de impropriedade não causa dano, pelo contrário traz conotação diferenciada, o que tem seus efeitos retóricos.
Sinonímia é a equivalência de nomes quanto ao significado. É rara a sinonímia perfeita. Boa parte do que se rotula como sinonímia é apenas propriedade aproximada.
O que costuma impedir a sinonímia total é a conotação. Se já é raro encontrar dois termos com mesma extensão e compreensão, mais raro ainda é que tenham também mesma conotação.
Sinonímia para tropos: neste caso o que está em questão mais precisamente é o sinônimo do tropo que admite leitura imediata, que não é igualmente tropo. Uma das características dos tropos é a concisão. A metáfora ‘Maria é uma flor’ diz muito mais que ‘Maria é bela’.
Na maioria dos casos, para sugerir um equivalente imediato de um tropo é preciso recorrer a enunciados bem mais extensos. O resultado nem sempre é satisfatório, tanto do ponto de vista da propriedade quanto do estético.
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