O que é a classe média, afinal? Nessa hora penso naquela família dos comerciais de margarina em que temos um casal com dois filhos vivendo em uma casa confortável com todo o aparato tecnológico de bens. Há um carro médio seminovo na garagem; os filhos estudam em escola particular e todos têm a saúde protegida por um bom plano de saúde. Com alguma frequência a família de comercial de margarina vai ao restaurante e uma vez por ano viajam em férias. Ensino superior e até pós-graduação são comuns para os adultos desse grupo. Embora vaga, acredito que essa é a imagem da classe média para a maioria das pessoas. O governo federal, o mercado e os intelectuais, porém, têm definições distintas para esse segmento social.
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Desde a redemocratização em 1984 o Brasil já teve 64 candidatos a presidente concorrendo por 39 partidos diferentes. O perfil desses candidatos nos ensina sobre a nossa política. 21 desses candidatos, por exemplo, concorreram sem nunca ter exercido mandato eletivo anterior. Veja mais algumas curiosidades sobre eleições presidenciais da Nova República.
Quem mais concorreu?
Lula PT. 5 vezes (duas vitórias).
José Maria Eymael PSDC: 5 vezes.
José Maria de Almeida PSTU: 4 vezes.
Rui Costa Pimenta PCO: 4 vezes.
Partidos que lançaram candidatura própria
Oito vezes: PSDB (2 vitórias) e PT (4 vitórias).
Quatro vezes: DC, MDB, PCO, PDT, PSTU e PV.
Três vezes: PRONA.
Duas vezes: PCB, PMN, PPS, PRN, PRP, PRTB, PSB, PSOL e PSC.
Dos 39 partidos que disputaram a presidência 27 continuam ativos e 13 foram extintos (PCN, PDCdoB, PLP, PMB, PN, PPB, PPL, PPR, PRN, PRONA, PSL, PSN e PSP).
Quando vamos ao supermercado, muitas vezes ficamos assustados com o preço de alguns produtos vendidos por kg. É clássico o assombro com o preço do bacalhau de primeira nas vésperas da semana santa, mas poucas pessoas fazem o cálculo do preço por kg de produtos comercializados em apresentações leves como um bombom, por exemplo.
Não é possível comparar produtos diferentes com apresentações diferentes e, por isso, em alguns países, além do preço do produto embalado, o cliente deve ser informado do preço por kg, o que é uma forma interessante de avaliar se o que você está pagando considerando uma mesma base de comparação entre os produtos.
Pode ser preconceito meu, mas quando vejo um livro com a expressão biografia autorizada meu cérebro lê biografia chapa-branca. Sim, existem biografias autorizadas boas, porém as não autorizadas têm uma palavrinha a mais que no meu imaginário faz muita diferença em termos de credibilidade, pois passa a ideia de independência.
No Brasil, infelizmente, toda biografia em livro precisa ser autorizada. Quem publica a biografia sem a autorização do biografado ou de seus herdeiros corre o risco de ter a obra recolhida por ordem judicial, independente de ser boa, ruim, reveladora ou caluniosa. Foi o caso do livro Roberto Carlos em detalhes do jornalista Paulo Cesar de Araújo que é fã do Rei e consumiu anos de trabalho para escrever a obra. Casos como esse contrastam com a realidade de outros países onde as biografias não dependem de consentimento do biografado.
Todo mundo consegue dar um exemplo de música brega, mas explicar o que é esse tipo de música não é tarefa simples. Para começar, brega não é um gênero musical, embora, seja costume associá-lo com ritmos populares como o sertanejo, o axé e, obviamente, o bolero, gênero oficial do corno. Esses dias eu estava com meu lado brega aflorado e comecei a fuçar no YouTube em busca dos clássicos dessa injustiçada modalidade musical. N
ada como o tempo para nos dar uma perspectiva mais equilibrada; montei a minha playlist do fino do brega (confira no final deste post) e cheguei à conclusão que os rótulos precisam ser periodicamente revistos, melhor ainda se nunca fossem usados. Playlist montada, a pergunta continuava a martelar minhas têmporas: o que é o brega e por que insistimos em usar esse rótulo pejorativo?
Você esteve ao meu lado E roubou a minha paz Hoje me serve de exemplo Vou fugir enquanto é tempo Você é doida demais
Você é doida demais – Lindomar Castilho
O que é o brega?
Antes de responder, vamos fazer outra pergunta: Brega para quem? A origem do termo remonta à década de 1960, época em que certas músicas eram rotuladas de cafonas por segmentos da classe média. O termo brega surgiu na Bahia e originalmente designava um tipo de música tocado nas zonas de meretrício. Brega, então, era a música romântica de apelo popular que embalava as noitadas boêmias dos desiludidos no amor. Com o tempo, o termo passou a ser aplicado pela classe média e pelos críticos a todo tipo de música que reunisse características como:
Melodrama. O derramamento sentimental, os exageros caricatos e lacrimejantes seriam indícios de breguice.
Linguagem simplificada. A mensagem rapidamente assimilável, as rimas simples, o vocabulário básico e sem criatividade seriam indicativos do brega.
Estrutura pobre. Melodias fáceis, arranjos pouco inspirados, ausência de ousadias formais; coisas do brega.
Ingenuidade. Visões de mundo de pouco alcance, lugares comuns, desconhecimento das explicações abrangentes seriam breguices.
Ausência de atitude. Falta de comprometimento com causas genuínas, alienação, escapismo: marcas bregas.
Isoladamente, nenhuma dessas características define o brega, até porque é possível encontrá-las também em músicas respeitáveis. De qualquer forma foi com argumentos desse tipo que segmentos com escolaridade crescente de uma classe média em formação começaram a impor um novo padrão de qualidade na música.
Nada contra essa busca incessante da qualidade não fosse o abismo social criado: de um lado os bregas e suas canções melosas e do outro a bossa nova, o tropicalismo, a música engajada, o rock e outros gêneros mais elevados. Infelizmente, os novos filtros da qualidade foram aplicados de forma indiscriminada prejudicando muitos que não mereciam ser lançados na vala comum da mediocridade.
Além disso, nas entrelinhas desse novo manual de qualidade se alojaram alguns preconceitos implícitos. Era como se frequentar a universidade fosse pré-requisito para fazer boa música, como se certas cores ideológicas fossem ingredientes fundamentais da qualidade; como se algumas atitudes e temas fossem vetados por conta de um moralismo carola.
Sorria meu bem, sorria Da infelicidade que você procurou Sorria meu bem, sorria Você hoje chora Por alguém que nunca lhe amou.
Sorria, sorria – Evaldo Braga
Injustiças cometidas
Revisitando os clássicos do brega percebemos injustiças que nos dias de hoje seriam analisadas com olhos mais piedosos. Não coube ao Agnaldo Timóteo lançar a primeira música brasileira que falava sobre relações homossexuais? Qual o problema de Fernando Moraes confessar seu amor por uma cadeirante? Quer mais autenticidade que a do Odair José ao prometer que tiraria a namorada da zona? E o Sidney Magal que cantava rebolando não era um vanguardista de costumes?
Sabemos dos defeitos amplamente divulgados da música brega, mas algumas coisas me intrigam nos clássicos dessa modalidade. Não são eles que têm o poder satânico de penetrar em nossa cabeça a ponto de ficamos o dia inteiro repetindo aqueles refrãos hipnóticos? Já reparou que naquelas festas de empresa, nos casamentos onde se reúnem as gerações são os clássicos bregas que fazem todos tirar a bunda da cadeira e se esbaldar no salão como se fosse a última noite dos tempos?
Talvez hajam qualidades mal avaliadas no fino do brega. Poucas, pouquíssimas músicas conseguem a façanha de resistir à prova do tempo. Se algumas músicas brega entram nesse grupo seleto é porque devem ter algum encanto que rabugice nenhuma de crítico consegue embaçar.
A dor do amor é com outro amor Que a gente cura. Vim curar a dor deste mal de amor Na boate azul.
Boate azul – Joaquim e Manoel
O brega está em constante evolução. O fuscão preto está sendo ultrapassado pelo Camaro amarelo em uma sucessão interminável de novos hits. Algum dia a música brega vai desaparecer? No futuro, quando todos tiverem escolaridade elevada e gostos refinados teremos apenas música chique? Espero que não. Esse mundo ficaria muito chato.
O Ministério da Cultura adverte: Aprecie o brega com moderação. Em caso de uso contínuo um crítico deverá ser consultado.