Já li muitos artigos, vi muitos vídeos com dicas infalíveis para autores de conteúdo digital. Em comum, essas dicas têm o objetivo de obter mais visualizações, mais inscritos, likes, comentários. Minha motivação aqui é outra: Como prestar um bom serviço ao usuário? Como ser útil a quem lê? Como fazer a diferença para quem assiste? Baseado na minha experiência pessoal de mais de vinte anos como produtor de conteúdo digital, vou ser sincero, apenas isso.

Fale sobre o que lhe move

Os gurus lhe dirão para pesquisar os temas que estão bombando, para usar ferramentas que rastream as palavras chave mais promissoras, para escrever sobre os assuntos da moda. Sorte sua se o que lhe move é o que bomba, mas não se renda às modinhas. Fale sobre o que você tem paixão, o que você entende, sobre aquilo que você tem autoridade técnica e moral para expor. Assim, o usuário vai perceber que você é a pessoa certa para entregar o que ele está procurando.

Deixe as coisas mais fáceis para o usuário

Todo marqueteiro diz que você precisa se diferenciar e fornecer algo único ao usuário. Corretíssimo, mas essa coisa única pode ser apenas o que todo mundo diz dito de uma forma fácil, didática, acessível, clara, concisa. Se você consegue substituir um palavreado longo e confuso por uma tabela simples e esclarecedora, por uma imagem que vale mil palavras, por uma analogia certeira, isso será seu diferencial.

Alcance seu público potencial

Se você escreve sobre numismática ou bonsai não espere milhões de usuários. É preciso ter clareza sobre o tamanho potencial de sua audiência. Substitua a métrica absoluta pela relativa. Quantos por cento da minha audiência provável eu atinjo? A fatia de audiência é o que interessa.

Entregue o que promete

Quantos vídeos de YouTube têm títulos pretensiosos: “Tudo sobre..”, “A solução definitiva …”, “O segredo infalível para …”. Você pode usar um título pretensioso desde que cumpra a promessa. Como isso não é fácil, melhor baixar a bola e ser bem objetivo sobre o que você está oferecendo. Deixe as promessas mirabolantes para os políticos.

Audiência qualificada é a única que interessa

“Deixe um comentário e concorra a uma injeção na testa.” Já viu esse tipo de apelo por aí, não é mesmo? De que adianta conquistar audiência desqualificada? O público que interessa é aquele que se identifica com seu conteúdo, que tem interesse verdadeiro em ouvir você. Inscritos, likes, comentários só valem algo se forem orgânicos, genuínos, qualificados. Perdidos, curiosos, bots e oportunistas nem precisa.

Diskikes, críticas e haters fazem parte do jogo

Faça um teste: procure algum vídeo maravilhoso no YouTube, tipo a Ode à alegria de Beethoven com uma excelente orquestra. Mesmo esse vídeo terá dislikes e comentários negativos. Sempre vai aparecer um erva daninha no seu gramado. Se você fala sobre temas polêmicos, então, as críticas podem aumentar bastante. Considere-se realizado quando tiver alguns haters na coleira. Eles precisam de você para viver.

Conteúdo do tamanho do assunto

Muito se fala sobre a duração ideal de um vídeo, a quantidade ideal de palavras em uma postagem, etc. A regra é simples: o conteúdo deve ter o tamanho suficiente para passar a mensagem sem enrolação. Busque a concisão fulminante que ocorre quando uma palavra a menos faz falta. Por razões comerciais os buscadores e as plataformas gostam de conteúdos que retem a atenção do usuário pelo maior tempo possível. O Google gosta de conteúdo abrangente, mas antes de agradar o Google agrade o usuário. Em muitos casos, basta dar a ele uma resposta curta e matadora que o fará encerrar sua busca.

Atualize, melhore, condense, recicle conteúdos

Você entra em uma loja e encontra só produtos fora de moda e ultrapassados. A sensação é a mesma que o usuário tem se for no seu site e encontrar matérias desatualizadas, assuntos vencidos, conteúdos espalhados e mal organizados. Atualize os conteúdos, melhore as matérias continuamente, condense dois artigos em um se forem compatíveis, tire do ar coisas que não fazem mais sentido, organize o conteúdo. O usuário vai se sentir em uma loja que vende produtos estado da arte. Sites consolidados costumam obter muito tráfego de páginas que estão no ar há bastante tempo. Mesmo quem está começando deve considerar que a presença digital envelhece muito rápido.

Conteúdo vem primeiro

Imagine a situação: você entra no site e começam a estourar pop ups na sua cara:

• Aceite nossos cookies.
• Receba notificações no seu navegador.
• Assine nossa newsletter.
• Assista esse vídeo de propaganda.
• Propaganda desaba da parte de cima.
• Propaganda sobe da parte de baixo.
• Propaganda abre em popup.
• Vídeo desliza do lado direito.
• Responda a uma pesquisa rápida.
• Cadastre-se em nosso site.
• Já vai embora? Fique mais um pouco.

Quantos cliques o usuário precisa dar até limpar a interface e chegar no conteúdo? Content first sempre. As intromissões invasivas só irritam e podem levar o usuário embora. Entregar o conteúdo é a missão. Depois disso, você pode pedir alguma coisa ao usuário. Por isso:

• O conteúdo deve ser o primeiro a carregar.
• A interatividade não pode demorar a acontecer.
• Nunca cubra o conteúdo com informação secundária.
• O conteúdo deve ficar na área nobre ocupando a maior parte da área útil da página.
• Mantenha a interface limpa, com poucas distrações e penduricalhos.
• Propagandas devem ser discretas e em quantidade moderada.
• Chamadas para inscrição, apoio e notificações não devem ser invasivas.

Performance vale muito

O usuário deve ser bem atendido em todos os sentidos. Isso inclui boa performance técnica do site. Para dar resposta rápida ao usuário é preciso várias iniciativas como:

• Elimine tudo que é supérfluo na página.
• Mantenha a tecnologia do site atualizada.
• Analise a performance com ferramentas como o Google Speed Insights.
• Otimize o tamanho das imagens para o mínimo.
• Modere o uso de imagens, vídeos e recursos que consomem banda.
• Remova plugins que não sejam estritamente necessários.
• Use um tema enxuto e rápido.
• Selecione plugins otimizados para performance.
• Use protocolo seguro.
• Instale um plugin de cacheamento.
• Instale um plugin de AMP (acelerated mobile pages).
• Faça limpeza/otimização frequente no banco de dados.
• Use CDN (rede distribuída de entrega de dados).
• Use plugin de lazy loading.
• Contrate um serviço de hospedagem ágil.
• Compacte tudo que for possível (css, js, html, mídia).
• Revise código que atrasa a renderização.
• Reduza o código ao essencial.

Organização e legibilidade

A forma como o conteúdo é apresentado é tão importante como a mensagem que ele passa. Seu conteúdo deve ser organizado e legível. Isso inclui ações como:

• Layout estável que não dá coices enquanto carrega a página.
• Títulos e subtítulos que organizam o conteúdo, facilitam a leitura e a compreensão.
• Títulos diretos e esclarecedores.
• Blocos curtos, parágrafos curtos, frases curtas.
• Linguagem simples considerando a proficiência do leitor potencial.
• Links para conteúdo correlato, realmente correlato e útil.
• Design otimizado para leitura, com fontes fáceis de ler, sem camuflagens e poluição visual.

Postagem total

Uma postagem total é aquela que conta com um leque variado de mídias como:

• Títulos objetivos e contundentes.
• Texto segmentado em parágrafos curtos.
• Duas imagens no mínimo, sendo a primeira otimizada para compartilhamento em redes sociais.
• Vídeo.
• Podcast.
• Arquivos para download: pdfs, planilhas, apresentações etc.
• Infográficos.
• Tabelas.
• Boxes de aprofundamento.
• Animações.
• Interatividade: enquetes, simuladores.

Busque a diversidade de mídias em suas postagens.

Cuidado com o que é fornecido por terceiros

Reflita bem antes de incluir em seu site coisas que são fornecidas automaticamente por terceiros.

Uma dúvida cruel é sobre a inserção de publicidade no seu site. A publiciade polui, estraga a experiência do usuário, reduz a performance e na maioria dos casos rende merrecas. Considere a possibilidade de entregar o seu site livre de propagandas, pelo menos aos usuários premium.

Outras inserções devem ser analisadas. Por exemplo: conteúdos sugeridos de terceiros. Em muitos casos, esses conteúdos são caça cliques pouco relevantes, de baixa qualidade e pouco correlatos ao seu.

Ouça o Google

O Google é responsável por despejar uma grande quantidade de usuários em seu site. Ele é o maior buscador do mercado e tem suas regras. Ouvir o Google, na maioria dos casos é dar atenção ao usuário, pois quando você agrada ao Google está agradando ao usuário. Algumas dicas sobre esse buscador.

• Google tem inteligência para captar a intenção de busca do usuário. Além disso, ele tem inteligência para deduzir qual é a intenção da sua postagem. Isso quer dizer que ele sabe que existem palavras-chave que se equivalem e sabe se a sua postagem tem potencial para resolver o problema do usuário. Então não se preocupe muito com palavras-chave. Apenas pense em prover uma boa experiência ao usuário.
• Google gosta de retenção de público. Se você segura o usuário no seu conteúdo, o Google aplaude.
• Taxa de cliques por impressões. É a porcentagem de cliques que o seu conteúdo recebe quando o Google o recomenda para o usuário. Essa taxa informa se você produz conteúdo que interessa aos usuários e se consegue atrair a atenção deles.
• Atualização. Google gosta de site dinâmico e atualizado.
• Performance. Google gosta de site rápido e moderno especialmente em celulares.
• Respeito às diretrizes. Tirando certas polêmicas as diretrizes do Google são razoáveis. Você deve respeitar direitos autorais, ter autoridade para falar sobre certos assuntos, etc.
• Google é bem inteligente. Não adianta dar uma de espertinho porque o Google consegue peneirar as malandragens manjadas (técnicas black hat) para se destacar nas buscas.
• Backlinks tem que vir naturalmente. Tem que ser genuínos e se forem forçados o Google vai penalizar você.
• Não se preocupe com densidade de palavras-chave. As palavras-chave têm que aparecer naturalmente na postagem, sem forçar.
• Google gosta de lebibilidade, de linguagem simples, de organização e clareza.

Formatos difíceis on-line

Existem muitas formatos de divulgação de conteúdo na Internet como por exemplo:

• Conteúdo estruturado como em livros.
• Blog com postagens cronológicas.
• Crônicas cotidianas.
• Comentário de atualidades.
• Drops de rede social.
• Conteúdo seriado sequencial.
• Conteúdo interativo como em revistas para aplicativo.
• Conteúdo interativo integrado: texto + imagens + vídeos + infográficos + planilhas + simuladores.

Você deve optar pelo formato que lhe convém, mas alguns formatos não circulam facilmente em meio digital como:

• Crônica. Esse gênero fala sobre temas variados, é uma contação de causos que raramente é encontrável em pesquisas. Depende de formar uma plateia de inscritos.
• Gêneros literários. Romance, conto, poesia são pouco lidos desde tempos imemoriais. Na Internet então …
• Galerias de imagens.  Vida de fotógrafo não é fácil no Google.
• Textos curtos. Para quem quer fazer um microblog com inserções curtas diárias melhor pensar em redes sociais que são mais adequadas.

E mais algumas coisas

• Não dê uma de pato. O pato anda, nada e voa, mas faz tudo mal. Mantenha o foco sem querer falar tudo sobre tudo.
• Produza conteúdo genuíno, com imagens e materiais de apoio originais e únicos.
• Sem black hat. Aquelas táticas malandras para subir no ranking do Google.
• Sem grey hat. São aquelas técnicas meio malandras que o Google não penaliza, mas que não deveriam constar em seu currículo.

Comportamento

• Meu balanço redpill
• Dicas sinceras para autores de conteúdo digital
• Pequeno dicionário politicamente incorreto
• Meme também é cultura
• Você calcula o preço por kg dos produtos?
• Datas comemorativas em transformação
• Dez habilidades da mulher moderna
• As mulheres preferem os inteligentes?
• O feminista e o galão de água mineral
• O pioramento genético do pit bull
• Preferência para quem precisa de preferência
• Loucos por listas