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Retórica da Literatura

A Retórica  literária é a mais difícil de delimitar. Em literatura, mimetiza-se o formal e o informal, o espontâneo e o elaborado, o oratório, o jornalístico, a discussão, o colóquio e o debate. Assim, a Retórica da literatura nestes casos será a Retórica do jornalístico, do colóquio, do debate, etc.

O caráter literário de um discurso não está dado a priori de uma estética que o suporte. A literariedade não é uma atribuição unânime, líquida e certa, é definida obra a obra, autor a autor, escola a escola, época a época. Não está congelada no Olimpo das ideias platônicas à espera de um estudioso diligente que a resgate. O que é literário para uns pode ser o antípoda do literário para outros. Enfim, literariedade é questão de opinião. Nunca haverá acordo para definir universalmente o que é o literário. Felizmente é assim.

Retórica
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A renovação da Retórica

É surpreendente a Retórica ter surgido pujante há mais de dois mil anos, numa época de parcos recursos de análise, que nem de longe se comparam aos que dispomos hoje. Mais surpreendente ainda é a hibernação milenar em que a Retórica ingressou após seu período áureo, mesmo sendo objeto de furiosa exegese e matéria de estudo das melhores cabeças por séculos.

Um fato é certo: a Retórica não está completa. Não se disse tudo que há para dizer e muito do que foi dito merece reparos. Considerando que matérias como a Lógica e a Linguística, nascidas no mesmo berço que a Retórica, já atingiram o estatuto de ciência moderna, por que a Retórica não teve evolução relevante em tantos séculos? Por que só na segunda metade do século XX surgiram contribuições notáveis à Retórica?

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O escopo da Retórica

A Retórica ocupa-se dos meios formais que tornam a comunicação específica ou eficaz, tais como regras de uso ou supressão e formas construtivas, além de categorias relacionadas. É um conhecimento sobre essas categorias, suas características, funcionalidade, eficácia e excelência.

Para que a comunicação seja eficaz supõe-se que vise a objetivos preestabelecidos. A Retórica não estipula esses objetivos, eles devem estar colocados anteriormente para que a Retórica seja possível.

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O mito do discurso básico

Existe o mito de um discurso básico, de referência, do grau zero da escritura, de um modo normal de discursar, de um jeito natural, da linguagem essencialmente não-literária, de um discurso inespecífico, sem estilo, sem Retórica, primário.

Inespecífica é a linguagem, massa plástica informe e potencial, que dentro de certas balizas se amolda aos objetivos a que se destina. Já o discurso, é a particularização, a atualização de uma potencialidade.

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A lista de recursos retóricos

As definições compreensivas de recurso retórico são feitas tentando sempre se adequar a um elenco subentendido de ocorrências. O contrário não acontece: definir recurso retórico para só depois gerar o elenco. A tradição pressiona neste sentido, o que torna difícil, por exemplo, pensar em recurso retórico sem pensar em metáfora. Estabelecido o elenco de ocorrências, busca-se uma definição que enquadre todas as ocorrências elencadas.

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