Antes de falar sobre os diacríticos da ortografia brasileira, vamos refletir um pouco sobre as razões que servem de justificativa para o uso de diacríticos na maioria dos sistemas de escrita.
Uma das razões é a busca da economia. Em sistemas ideogrâmicos, por exemplo, que tendem a apresentar um número elevado de grafemas, facilmente chegando a milhares, os diacríticos podem auxiliar na redução do número de grafemas do sistema. Partindo de um sinal base pode-se gerar vários grafemas, somente pelo acréscimo de diacríticos à base. Como um mesmo diacrítico pode ser combinado com vários sinais base, isso resulta em uma sensível economia para o sistema.
Outra razão para se usar diacríticos é a eliminação de ambiguidades. Quando um mesmo grafema representa vários itens, existem casos em que o leitor fica sem saber qual item está sendo representado. Nessa hora, o diacrítico pode ser útil para eliminar a ambiguidade.
Também podemos dizer que determinados itens do discurso guardam semelhanças entre si, que podem ser evidenciadas também na escrita. Uma das formas de se fazer isso é adotar o mesmo sinal base para vários itens assemelhados e diferenciá-los com o acréscimo de diacríticos à base.
Colocadas essas razões, vamos falar agora dos diacríticos da ortografia portuguesa: São eles: acento agudo, acento circunflexo, acento grave (crase), cedilha, til e trema.
Acento agudo, acento circunflexo e til
Os acentos agudo e circunflexo e o til exercem funções semelhantes e complementares, por isso vamos abordá-los em conjunto. Para entender o uso desses três diacríticos temos que considerar que o alfabeto romano tem 5 grafemas para representar vogais, enquanto na língua portuguesa elas são 13. Veja na tabela, a correspondência entre grafemas do alfabeto romano e vogais do português.
Grafemas do alfabeto romano | Vogais a representar |
a | /á/ /â/ /ã/ |
e | /é/ /ê/ /ẽ/ |
i | /í/ /ĩ/ |
o | /ó/ /ô/ /õ/ |
u | /ú/ /ũ/ |
Na situação ideal, usaríamos o acento agudo para sinalizar que a vogal é aberta, o acento circunflexo para indicar vogal fechada e o til para explicitar a nasalidade da vogal. Combinando as cinco vogais do alfabeto romano com os três diacríticos obteríamos os 13 grafemas necessários para representar biunivocamente as vogais da língua portuguesa. São eles:
á â ã é ê ẽ í ĩ ó ô õ ú ũ
Esses 13 grafemas seriam suficientes para a ortografia portuguesa, se ela fosse uniforme no uso dos diacríticos. É claro que nesse caso, todas as vogais seriam representadas com diacrítico, mas não é isso o que acontece.
Em nossa ortografia, poucas vogais são representadas por grafemas com diacrítico e as regras que definem quando usar e quando não usar os diacríticos são numerosas e rebuscadas. Em muitos casos, a nasalidade da vogal é indicada por dígrafos como am, an, em, en, im, in, om, on, um e um e não pelo uso do til.
Nos casos em que não se emprega diacríticos, usa-se os cinco grafemas romanos básicos para representação de vogais (a e i o u) e fica a cargo do leitor a identificação da vogal representada, o que é facilmente conseguido pela observação do contexto. Além do mais, os acentos agudo e circunflexo são empregados em nossa ortografia com outra função: a de indicar a posição da sílaba intensa na palavra. Essa função, inclusive, é a mais valorizada pelos gramáticos normativos.
Crase
Em nossa ortografia, a crase é usada para indicar a contração da preposição a com o artigo a ou então, com o demonstrativo aquele. Fonologicamente, essa contração pode se realizar de três formas: como uma duplicação condensada da vogal /á/, como uma realização alongada da vogal ou simplesmente usando /á/ sem nenhum traço especial.
O uso do A craseado, assim se denomina o grafema À, é regido por numerosas regras em nossa ortografia. Poucos as dominam integralmente.
Cedilha
A cedilha é adicionada ao c e sua função é indicar que c representa /s/ em certos contextos em que o leitor, supostamente, tenderia a ler c como /c/.
Trema
Em nossa ortografia, o trema é usado com u. Basicamente, ü representa /w/ e ocorre em palavras de origem estrangeira (nomes próprios) ou palavras derivadas dessas. Exemplo: Müller e mülleriano.
A utilidade dos diacríticos
No tocante aos diacríticos, a ortografia portuguesa se situa entre dois extremos opostos. O primeiro seria o uso de diacríticos em todas as situações onde são aplicáveis, ou seja, todas as vogais seriam representadas com diacrítico. O outro extremo seria a abolição dos diacríticos. Supostamente, o emprego parcial de diacríticos em nossa língua tem por objetivo a economia e a didática. A ideia é usar diacríticos apenas em casos de hipotética necessidade como para evitar ambiguidades ou quando se supõe que o leitor terá dificuldades em determinar o valor do fonema representado.
O resultado desse emprego seletivo, porém, é desastroso. O aprendizado das muitas regras de uso dos diacríticos é penoso de tal forma que poucas pessoas as dominam integralmente. A rigor, todos os diacríticos da ortografia portuguesa poderiam ser eliminados sem prejuízo nenhum para a escrita já que a observação do contexto é suficiente para determinar o valor do fonema representado. Exemplo nesse sentido nos dá a ortografia inglesa que não utiliza acentos, til, cedilha ou trema e funciona bem mesmo assim. Indo um pouco além, podemos lembrar que em alguns sistemas de escrita, como hebraico e árabe, as vogais não são sequer representadas.
A hipotética necessidade de orientar o leitor em algumas situações em que ele tenderia a cometer erros de leitura não tem fundamento. Se por um lado o leitor é orientado, do outro quem escreve não conta com nenhum tipo de orientação e precisa conhecer o idioma para usar corretamente os diacríticos. Ora, se considerarmos que quem lê também escreve, então por que se preocupar em orientar a leitura de quem já tem competência suficiente do idioma? Com isso, não queremos dizer que os diacríticos sejam supérfluos em todos os sistemas de escrita, mas que na ortografia portuguesa, os diacríticos empregados são dispensáveis. Também não estamos afirmando que nossos diacríticos podem ser suprimidos ao gosto de quem escreve, pois a ortografia é um acordo coletivo e a desobediência a ela tem suas implicações em sociedade.
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Discordo com a sua afirmação de que os sinais diacríticos na língua portuguesa são altamente dispensáveis. Nós não temos suficientes combinações de letras para eliminar ou reduzir-lhes o uso. Por exemplo, na língua italiana, o correspondente ao nosso “que” é “che”; depois qü é qu sem acento; ghe e ghi equivale ao nosso gue, gui sem acento; gü é sempre gu sem acento. Nosso caso é grave especialmente na combinação qü. Os danados portugueses resolveram mexer no nosso idioma (para não chamar-lhes de outro nome) e nós como burros e preguiçosos que somos, tínhamos apoiado tal decisão através de uma presidenta e um ex-presidente que nem deve segurar num lápis ou uma caneta; só o fazem para assinar isto ou aquilo muitas vezes nem sabendo do que se trata.
A eliminação de um ou mais diacríticos podem, na minha opinião, causar uma porrada de transtornos seja para as pessoas quanto para uma editora que deve ou deverá reeditar ou reimprimir todos os livros ou volumes duma enciclopédia, entre outras coisas.
Discordo com a sua afirmação de que os sinais diacríticos na língua portuguesa são altamente dispensáveis. Nós não temos suficientes combinações de letras para eliminar ou reduzir-lhes o uso. Por exemplo, na língua italiana, o correspondente ao nosso “que” é “che”; depois qü é qu sem acento; ghe e ghi equivale ao nosso gue, gui sem acento; gü é sempre gu sem acento. Nosso caso é grave especialmente na combinação qü. Os danados portugueses resolveram mexer no nosso idioma (para não chamar-lhes de outro nome), mesmo havendo portugueses compreensivos e até que gostam do nosso modo de falar (quando correto) e de escrever (quando correto também) e/mas nós como burros e preguiçosos que somos, tínhamos apoiado tal decisão através de uma presidenta e um ex-presidente que nem deve segurar num lápis ou uma caneta; só o fazem para assinar isto ou aquilo muitas vezes nem sabendo do que se trata.
A eliminação de um ou mais diacríticos podem, na minha opinião, causar uma porrada ou porção de transtornos seja para as pessoas que lêem ou escrevem para terceiros que não são acostumadas à nenhuma regra de acentuação gráfica quanto para uma editora que deve ou deverá reeditar ou reimprimir todos os livros ou volumes duma enciclopédia ou jornais, entre outras coisas. As combinações -éi; -ói; -êe; -ôo; -güe e -qüe, entre outras, especialmente de desinências verbais, p.ex. averigúe, enxagüe ou enxágüe/enxagúe, não deveriam ser de jeito nenhum um motivo ou prejuízo para reeditar livros, revistas e jornais para uso escolar, ou educativos em geral, para não dificultar ainda mais a vida dos estudantes e não somente eles. As pessoas adultas que estão acostumadas a um padrão de escrita tradicional é que se ferram com esta palhaçada de Acordo Ortográfico de 1990 ou AO90, que foi ressuscitado do fundo do baú e do qual nem sabíamos de sua existência. Aquelas nascidas e crescidas nos anos 50, se ferram o dobro das que viveram a partir dos anos 70, porque em 1971 muita coisa foi também abolida.