Dígrafo é a representação de um fonema por meio de dois ou mais grafemas. A ortografia da língua portuguesa brasileira apresenta grafia abundante em inúmeros casos, mas sempre até o máximo de dois caracteres por fonema. Veja a seguir os dígrafos de nossa ortografia.
Dígrafo | Fonemas que representa | Exemplos |
am | /ã/ | ambos |
âm | /ã/ | âmbito |
an | /ã/ | antes |
ân | /ã/ | ânfora |
ch | /x/ | chuva |
em | /ẽ/ | empuxo |
êm | /ẽ/ | êmbolo |
en | /ẽ/ | enchente |
ên | /ẽ/ | ênfase |
im | /ĩ/ | império |
ím | /ĩ/ | ímpeto |
in | /ĩ/ | interno |
ín | /ĩ/ | íntegro |
lh | /λ/ | telha |
nh | /ñ/ | lenha |
om | /õ/ | ombro |
ôm | /õ/ | cômputo |
on | /õ/ | ontem |
ôn | /õ/ | cônsul |
qu * | /c/ | quero |
rr | /R/ | carro |
sc ** | /s/ | florescer |
sç ** | /s/ | desça |
ss | /s/ | assimétrico |
um | /ũ/ | cumpre |
úm | /ũ/ | plúmbeo |
un | /ũ/ | mundo |
ún | /ũ/ | anúncio |
xc ** | /s/ | excesso |
* qu é um caso limítrofe. Poderíamos considerar ucomo grafema mudo, mas o grafema q em português só ocorre seguido de u ou ü. Podemos dizer que q e u formam um par inseparável.
** sc, sç e xc também são casos limítrofes. Poderíamos considerar que um dos grafemas do dígrafo é mudo, já que ambos podem representar isoladamente /s/ em outros contextos.
Grafemas mudos
Em português é mudo o grafema h quando inicia palavra. Quando interno à palavra esse grafema compõe os dígrafos ch, nh e lh. Exemplos: harpa,hera, hino, homem e humilde.
Também é mudo o grafema u quando colocado depois de g e antes de e ou i. Exemplos: gueto eguincho.
Dífono
A ortografia portuguesa apresenta apenas um dífono. Trata-se de x quando empregado com valor de /cs/. Exemplos: sexo, complexo ereflexo.
Exceções
Há vários casos especiais na ortografia portuguesa em que a palavra vem de outro idioma e preserva traços da fonologia e da ortografia original. Vejamos alguns exemplos:
- Alichi. Os grafemas ch representam /tx/. Mais um caso em que se manteve a ortografia de origem.
- Hardware. Nessa palavra, o grafema h não é mudo. Temos aqui uma palavra originária do inglês que manteve o h aspirado, fonema só usado na língua portuguesa em estrangeirismos recentemente incorporados ao idioma.
- Pizza. Os grafemas zz representam /tz/. Trata-se de um empréstimo à língua italiana que preservou a ortografia de origem.
Também temos algumas situações em que os grafemas são usados de modo bem particular como nos exemplos:
- Não. Os grafemas ão representam /ãw/, ou seja, o grafema o está em uso especial.
- Também. Os grafemas ém representam /ẽy/, ou seja, estão em uma condição de uso bastante atípica.
Qual condição atípica do “também”? Não pode ser considerado um dífono?
Obrigado,
Douglas