O grafema é a unidade formal mínima da escrita. Mínimo porque não pode ser desmembrado em dois ou mais sinais que também possam ser tratados como grafema. Formal porque é abstrato, não pode ser visto. O que vemos são as atualizações, indeterminadas em número, do grafema. Vamos entender o que queremos dizer com isso observando as imagens a seguir:
Essas imagens, que podemos chamar de letras, são algumas das ocorrências possíveis do grafema. Embora apresentem diferentes formas e estilos, as letras do quadro possuem em comum um conjunto de características formais que podemos expressar de forma aproximada.
O grafema é uma abstração inferida pela delimitação de características formais das imagens do discurso escrito.
Tipos de grafema
Na criação de um sistema de escrita talvez a decisão crucial seja a definição da correspondência entre grafema e unidades formais linguísticas. Na escrita romana, basicamente, o grafema representa fonemas. Em alguns sistemas de escrita como o cuneiforme, o grafema representa sílabas.
Em outros sistemas, como o hieroglífico, o grafema representa itens de discurso de nível morfossintático, ou seja, portadores de significado, tais como morfemas, palavras e locuções. A relação do grafema com as unidades formais linguísticas estabelece a classificação mais relevante para grafemas, como veremos a seguir.
Ideogrâmicos: O grafema é ideogrâmico quando representa itens de discurso do nível morfossintático. Em outras palavras: o grafema ideogrâmico porta significado. O caso mais típico dessa classe é o dos grafemas que representam morfemas, palavras ou locuções.
Em nossa escrita, usamos alguns grafemas ideogrâmicos. O caso mais notável é a nossa representação dos números. 0 lê-se zero, 1 lê-seum, 2 lê-se dois e assim por diante. Observe que com apenas um sinal gráfico representamos uma palavra inteira que representa uma idéia completa.
As abreviaturas de nossa ortografia também podem ser consideradas grafemas ideogrâmicos.
- a.C. lê-se antes de Cristo.
- V.Sa. lê-se Vossa Senhoria.
- Adv. lê-se advogado.
Veja que a abreviatura pode representar uma palavra ou uma locução. Nesse caso, o somatório de letras da abreviatura é que compõe o grafema ideogrâmico.
Silábicos: Grafemas que representam sílabas encontramos em alguns sistemas de escrita como o cuneiforme dos sumérios, o sistema mais antigo de todos, ou silabários da escrita japonesa. Na ortografia do português, não temos grafemas silábicos.
Fonológicos: O sistema de escrita da língua portuguesa se baseia em grafemas que representam fonemas, ou seja, é um sistema fonológico. Temos grafemas para representar vogais e consoantes. Para quem está acostumado com a escrita romana essa afirmação pode parecer estranha, mas é preciso lembrar que alguns sistemas de escrita, como o hebraico e o árabe, representam palavras grafando apenas as consoantes. Veja como isso é possível lendo o exemplo a seguir:
- Pd prcr strnh ms sstm d scrt q n rgstr vgs cm n hbrc, pr xmpl, tm sd sds pr scls.
Diacríticos
Observe os grafemas a seguir:
A À Á Â Ã
Todos são formados por uma mesma base gráfica (A) e diferem pela presença ou não de um sinal distintivo colocado na parte superior do grafema. Em português, usamos essa série para representar as vogais baixas do nosso idioma.
É comum em vários sistemas de escrita, inclusive o nosso, a utilização de uma mesma base gráfica para representar um conjunto de itens linguísticos semelhantes. A distinção de cada item é feita pelo acréscimo de um sinal complementar à base. Esses sinais distintivos chamamos diacríticos.
Em português, temos seis diacríticos:
- acento agudo
- acento circunflexo
- crase
- cedilha
- til
- trema
Unidades formais mínimas da Linguística
Grafologia
- A escrita
- Transcrições e ortografias
- Alfabeto romano (latino)
- Grafema
- Grafemas da ortografia brasileira
- Diacríticos da ortografia brasileira
- Acentos agudo e circunflexo
- Crase
- Dígrafos da ortografia brasileira
- Representação de fonemas brasileiros
- Representação ortográfica múltipla
- Representação da escrita em computador
- Iniciais maiúsculas
Atividades concernentes aos grafemas tendem explorar a pronúncia e a escrita correta das palavras; enfatizando a sonoridade delas no contexto em que estão inseridas. Exemplo: matagal, cacau, humilde, unha,… e assim sucessivamente.
Muito bom!