O substantivo pode apresentar três graus: normal, diminutivo e aumentativo. A formação do grau dos substantivos é bastante irregular e defectiva, a ponto de ser difícil citar exemplos de regularidade. A formação mais comum do grau é a seguinte:
* Nesse caso, a flexão porta grau, gênero e número sinteticamente.
Formação irregular
Vejamos também alguns casos de irregularidade:
- O substantivo muda de gênero dependendo do grau. Ex.: o muro/a muralha, o forno/a fornalha, a bala/o balaço.
- A desinência de grau varia dependendo do gênero do substantivo: Ex.: menino tem flexão de grau regular no diminutivo (menininho/menininha) e irregular no aumentativo (meninão/meninona).
- As flexões de grau passam a constituir itens de léxico independentes e com significado diferenciado do que se supõe para a flexão de grau. Ex.: gente/gentalha, senhora/senhorita, caixa/caixão. Essa característica nos leva a confundir morfemas flexivos de grau com morfemas derivativos.
- A flexão de grau é definida sinteticamente por morfema que porta grau, número e gênero. Ex.: meninão/meninões.
- Dupla flexão de grau. Ex.: mosquitão, pequenininho.
- Flexão defectiva: uma ou mais das flexões não é praticada por razões semânticas. Ex.:senhora/senhorita. Nesse exemplo não temos flexão aumentativa. A flexão de grau defectiva é comum, pois muitos são os casos em que a flexão de grau é inaceitável semanticamente.
Embora se perceba algumas regularidades fonológicas nas flexões de grau, não há como estabelecer um padrão que relacione, por exemplo, para esta terminação aquele morfema flexivo de grau, ou para esta desinência diminutiva, aquela desinência aumentativa.
Análise semântica do grau
O grau desempenha várias funções semânticas. A mais imediata é a indicação de intensidade de atributos. Nessa função, o grau é um sistema de posicionamento relativo sobre a intensidade com que um atributo se manifesta no substantivo. O grau é uma escala de três posições que vai do excesso à falta, passando pelo normal. O grau normal indica que o atributo está presente no substantivo em intensidade típica, comum, normal.
Os graus aumentativo e diminutivo indicam excesso e falta, respectivamente. Mas que atributo é determinado pelo grau? Tipicamente, nos substantivos concretos, o grau determina o atributo dimensão física. É o que percebemos no enunciado: Mas como você cresceu. Está um garotão. Através de processos metafóricos, porém, o grau ganha outras funções. Considere o enunciado: Uau, essa Ferrari é um carrão. Nesse caso, o grau não indica que temos um carro de grandes dimensões físicas e, sim, um carro de qualidades notáveis, muito acima da média dos demais carros.
Como em todo processo metafórico, o ouvinte precisa analisar a mensagem e observar o contexto para extrair dela o significado, que não é imediato. O processo metafórico de significação do grau criou alguns usos notáveis. Vejamos alguns:
Diminutivo de uso afetivo: palavras como amorzinho, benzinho, Marcelinho, Aninha, mostram o uso do grau diminutivo como intensificador do discurso afetivo. Nesse caso, o diminutivo tem valor semântico inverso do que normalmente porta, pois indica que certos atributos positivos do substantivo estão presentes em alta dosagem.
Grau usado para depreciar: Palavras como velhote, gentalha e mulherzinha mostram que o grau pode ser usado para desvalorizar o substantivo.
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