A língua é um meio de expressão onipresente na sociedade usado nos mais variados contextos da vida social. Esse uso intensivo gera uma tendência natural à diversidade. Seria ingênuo esperar que a língua fosse homogênea, afinal seu uso não é homogêneo. Ela permeia toda a vida social e, em função disso, apresenta variantes linguísticas que se manifestam e se desenvolvem em diferentes contextos de uso.
Seria um exagero afirmar que existem línguas dentro de uma língua porque as variações do idioma gravitam em torno de um núcleo comum. Podemos fazer uma comparação livre entre a língua e as espécies biológicas. Em uma espécie biológica sempre encontramos variedade. Por vezes, os indivíduos da espécie podem ser agrupados pela semelhança em conjuntos chamados de raças. Embora as raças contrastem entre si em muitos aspectos, pertencem a uma mesma espécie e o cruzamento entre indivíduos de raças diferentes gera descendentes férteis.
Com a língua ocorre algo similar. As variantes linguísticas contrastam entre si, mas como pertencem a um núcleo comum os falantes se entendem mesmo quando falam entre si misturando variedades diferentes da língua.
A formação das variantes
Vamos aproveitar o embalo e recorrer a mais uma comparação com a Biologia. Na natureza, sob certas condições como o isolamento geográfico, por exemplo, uma espécie pode se ramificar em grupos que com o tempo se diferenciam geneticamente até um ponto em que passam a constituir espécies novas. Com a língua ocorre fenômeno semelhante. As variedades de uma língua podem se tornar mais e mais distintas até um ponto em que não será mais possível considerá-las como variantes de um mesmo idioma.
Latim. Um exemplo desse processo foi a transformação do latim. A língua dos romanos disseminou-se pela Europa inteira. Com o passar do tempo, o Latim sofreu transformações delimitadas geograficamente. Isso se deu graças ao isolamento geográfico. A evolução do Latim foi tão longe que variantes se transformaram em novas línguas. Dessa reflexão, concluímos que uma variante se caracteriza pela possibilidade de ser entendida sem maiores dificuldades pelos falantes de outras variantes do mesmo idioma.
O estudo das variantes de uma língua cabe à Sociolinguística. Aqui faremos apenas um levantamento básico das principais variantes da língua portuguesa. Temos que considerar que as variantes de uma língua não são estanques. Encontramos facilmente a sobreposição de variantes. Um discurso pode ter ao mesmo tempo características formais e regionais, por exemplo, ou coloquiais e grupais. Isso ocorre porque as variantes são meras abstrações linguísticas e os falantes não se expressam seguindo regras rigorosas de pureza linguística.
Variante culta
A variante culta tem status privilegiado em nosso idioma, mas isso não é uma exclusividade do português. A variante culta existe em muitos idiomas e exerce importantes funções sociais Trataremos dela mais a fundo em tópico específico. Aqui, basta-nos saber que ela é de grande importância e funciona como uma referência para qual convergem os agentes do idioma sempre que precisam de porto seguro em questões de língua. É a variante ensinada na escola. Os meios de comunicação que buscam uma imagem de idoneidade a cultivam e a literatura técnica e científica tem clara preferência por ela.
Variantes regionais
Temos diversas variantes regionais no português do Brasil. Um mapeamento exaustivo dessas variantes ainda está por fazer, mas os falantes reconhecem com facilidade algumas delas que são bem delimitadas geograficamente como a nordestina, a carioca ou a gaúcha. Existe ainda uma variante de cunho geográfico, a que poderíamos chamar de interiorana, que está presente no interior de vários estados brasileiros como São Paulo, Minas Gerais, Goiás, Paraná, entre outros. As variantes regionais brasileiras se diferenciam principalmente pela pronúncia dos fonemas, pela entonação das frases e pelo vocabulário. São mínimas as diferenças morfossintáticas entre essas variantes.
Variantes sociais
A condição social costuma ser fator determinante na expressão. No Brasil, ainda se observa uma polarização entre a expressão das camadas sociais abastadas e das menos favorecidas. As camadas sociais abastadas têm mais acesso à escola e aos bens culturais e, por isso, na sua expressão incorporam mais a variante culta, ao contrário das camadas menos favorecidas que se expressam segundo variantes ligadas à sua realidade cultural.
Variantes grupais
A língua pode ganhar especificidade na expressão de grupos sociais restritos. Daí surgem variantes linguísticas ligadas a atividades profissionais, a grupos de interesse e de convívio. Essas variantes originam os jargões profissionais e as gírias.
Outras variações. Além das variantes geográficas, sociais e grupais o idioma pode se diferenciar ainda mais graças a outras especificidades que se sobrepõem às variantes linguísticas. Há diferenças entre o discurso oral e o escrito, entre o formal e o coloquial, entre o prosaico e o literário.
Para começar
- O que é gramática, seus tipos e usos?
- Pressupostos metodológicos
- Níveis de análise linguística
- Variantes linguísticas
- Variante culta
- Desvio linguístico
- O escrito e o falado
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