Muitos brasileiros ficam incomodados ao ver o nome do Brasil escrito com Z nas embalagens de produtos para exportação. Quem age assim deve achar um desrespeito alterar a grafia original dos nomes de locais. A ideia de manter a grafia e pronúncia originais dos topônimos é razoável, mas nada fácil de pôr em prática.
O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que vigora desde 2008, prevê a extinção do trema, aqueles dois pinguinhos em cima do u de palavras como lingüiça. Extinção? Uma coisa é bom saber sobre as regras ortográficas da nossa língua: sempre quer dizer de vez em quando e todos quer dizer mais da metade.
Com o trema não poderia ser diferente: o trema vai sumir, mas permanece em nomes próprios e seus derivados. Depois de saber disso fui imediatamente falar com meu colega Jürgen. Pedi a ele encarecidamente para não lançar nenhuma seita ou movimento filosófico que possa vir a se chamar jürgenismo, senão teremos mais um trema escapando da extinção em massa.
No Brasil, as reformas ortográficas acontecem a cada 30 anos, mais ou menos. Espero que para a reforma de 2040 alguns programadores de computador sejam convidados a opinar. Eles são pessoas que conseguem raciocinar logicamente. Para programadores, sempre quer dizer sempre e todos quer dizer todos. Nenhum computador do mundo funcionaria se os programadores pensassem de outra forma. A língua, felizmente, funciona mesmo quando é tutelada pelos letrados.
Letras
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Aprendemos desde a infância que nomes próprios devem ser escritos com iniciais maiúsculas. Também está escrito no Formulário Ortográfico que devemos escrever com iniciais maiúsculas os nomes de seres mitológicos, o que é uma redundância, pois esses nomes são próprios e estão incluídos na regra maior dos nomes próprios. Apesar disso, estranhamente, alguns gramáticos recomendam que se escreva os nomes de entidades do folclores brasileiro em minúsculas.