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Sobre Radamés

Engenheiro curitibano pela UFPR, professor e produtor de conteúdos e ferramentas educacionais para a Internet.

O tripé de quatro pernas da fotografia

O mundo é a cada dia mais fotografado, pois quase todos dispõem de algum dispositivo fotogafatório à mão. Boas fotos, porém, continuam sendo mais ou menos raras. Fotografar é fácil, tirar boas fotos é outra história. No meu entendimento de amador que há pouco tempo se dedica de forma mais sistemática aos cliques, há quatro fatores que influem na boa fotografia.

Os quatro elementos

Motivo. Digamos que eu queira fotografar a geada no Jardim Botânico de Curitiba. Taí um bom motivo, trata-se de um fenômeno climático de inegável beleza que só ocorre de vez em quando . Melhor ainda se for registrado em um local fotogênico como o Jardim Botânico da minha cidade. Escolher bem os motivos é o primeiro passo da boa foto. Alguns motivos, obviamente, não podem ser escolhidos. Eles simplesmente cruzam nosso caminho e nos escolhem. Se você estiver de prontidão, ótimo, caso contrário, fica para a próxima.

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É proibido fotografar

Esses dias saí pelas redondezas do meu bairro para fazer uns disparos. Em certa altura do caminho parei diante de uma casa colonial italiana muito bem conservada e resolvi fotografar, mas logo que me aproximei do portão um senhor de idade apareceu avisando: “Não quero que fotografem a minha casa.” Perguntei por que e ele disse que não queria fotógrafos ganhando dinheiro às custas da casa dele.

Tentei argumentar dizendo que não ganhava um tostão com fotografia, pelo contrário, só gasto com meus cliques amadores, mas não teve remédio. Preferi respeitar os cabelos brancos do nôno, até porque minha vontade de fotografar a casa era grande, mas não avassaladora.

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Cidade das artes e das ciências de Valência

Após a enchente de 1957 o curso do rio Turia foi desviado para que suas águas não passassem mais pelo centro de Valência. No antigo leito do rio foi construída a Cidade das Artes e das Ciências, um complexo urbanístico e arquitetônico destinado ao entretenimento e à cultura. O projeto da maioria das construções foi entregue ao engenheiro civil natural de Valência Santiago Calatrava, que na época já gozava de prestígio internacional.

A primeira construção do complexo foi inaugurada em 1998, mas boa parte do projeto foi concluída já no século XXI. A Cidade tornou-se o destino de visitantes do mundo inteiro graças à concentração de atrações culturais além do espetáculo arquitetônico que, em si, já é bom motivo para a visitação.

Cidade das artes e das ciências em Valência
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Ponte JK

Pontes nos levam à ideia de superação. Do ponto de vista da arquitetura nos encantamos com a superação de obstáculos naturais, tecnológicos e estéticos. Gostamos de pontes que vencem grandes vãos, que se assentam sobre terreno inóspito, que se projetam a grandes alturas e que vão até os limites da técnica. Melhor ainda se além de tudo, se destacarem pela beleza.

É o caso da Ponte JK (Juscelino Kubitschek) em Brasília. Com 1.200 metros de extensão, vãos livres com até 240 metros a pista dessa ponte pênsil parece flutuar sobre o lago Paranoá. Seus três arcos de aço sugerem os saltos em trajetória parabólica de uma pedra arremessada contra a linha da água.

Ponte JK em Brasília

O posicionamento dos arcos transversais à pista e alternados entre si perturbam o olhar de quem espera a simetria monótona. Quem cruza a ponte em cada ponto da travessia se defronta com uma perspectiva inusitada. Um projeto com as características da Ponte JK, com toda sua complexidade só foi possível, provavelmente, graças ao cálculo estrutural auxiliado por computador. É a informática dando asas para a imaginação dos arquitetos. A ponte não é a maior do mundo, nem tem o maior vão ou a maior altura, mas é forte concorrente ao título de mais bela.

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Casa das canoas

Quando Oscar Niemeyer projetou a própria casa assumiu alguns pressupostos. Nesse projeto Niemeyer adotou princípios do modernismo e os complementou com outros da arquitetura orgânica. Um deles era respeitar o entorno e, por isso, a casa se adapta ao terreno e não o contrário. Impossível não perceber a grande pedra que aflora diante piscina da casa, que estava lá muito antes da casa ser construída e que foi envolvida pelo projeto tornando-se parte dele.

A flexibilidade de projeto exigida por Niemeyer foi conseguida em parte graças ao uso da cobertura plana. A laje plana de concreto segue um desenho orgânico que lembra elementos da natureza como as formas de um lago ou curvas de nível de um terreno acidentado.

Casa das canoas - Rio de Janeiro

Modernismo

O estilo modernista de Niemeyer está presente em todos os detalhes da obra: concreto armado, lajes suspensas sobre pilares esguios, grandes áreas envidraçadas, despojamento, ausência de elementos decorativos, curvas orgânicas, valorização dos espaços amplos, mobília minimalista e esculturas para valorizar o projeto.

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