Esta é uma lista de filmes repletos de maus ensinamentos que você não deve assistir, mas caso resolva vê-los faça isso discretamente, sem chamar a atenção. Não comente sobre esses filmes com qualquer um, a não ser que você esteja em uma roda de inteligentinhos e seu objetivo seja provocar a fúria dos virtuosos combatentes das belas causas da pós-modernidade.
Skyfall Direção de Sam Mendes Com Daniel Craig (Bond), Judi Dench (M) e Javier Barden (Silva) 2012 . Reino Unido . 145 min
Bond, James Bond. Certas coisas não mudam nos filmes de 007. Perseguições espetaculares em que carros espetaculares são espetacularmente destruídos diante de nossos olhos; uma visita a um elegante cassino onde Bond de smoking pede aquele drink famoso mexido não batido e flerta com uma mulher misteriosa, linda e perigosa.
Apesar das cenas previsíveis e obrigatórias da série existe espaço para a renovação e Operação Skyfall nos surpreende com um Bond atormentado por uma crise de meia idade. A série está para completar 50 anos e os tempos são outros. O velho James Bond precisa se adaptar ao século XXI e, ao que parece, está conseguindo a proeza de se reciclar no admirável mundo novo do cyber crime.
O nível dos filmes de 007 vem subindo e não sei se soaria como sacrilégio eleger Operação Skyfall como o melhor de todos os tempos. Tudo bem, o filme acabou de ser lançado e tem que competir com os clássicos do Sean Connery, mas vamos falar um pouco sobre ele.
The social network Direção de David Fincher 2010 : EUA : 121 min Com Jesse Eisenber (Mark), Justin Timberlake (Sean) e Roomey Mara (Eduardo).
Quando fiquei sabendo que A rede social contava a história da fundação do Facebook recuei um passo. Vale a pena assistir um filme sobre a ascensão fulminante de uma empresa de tecnologia? O que há de interessante na biografia de um nerd de Harvard que justifique uma película de duas horas?
A ascensão do nerd
Bem, o nerd tornou-se bilionário antes de completar trinta anos de idade. Gênio, dirão alguns; estava no lugar certo na hora certa dirão outros. Excêntrico, criativo, insensível, obstinado, arrogante, visionário; os adjetivos aplicáveis ao personagem principal vão de um extremo a outro na escala que começa no elogio e termina no xingamento. A rede social é um drama psicológico que trata de formação, ética, caráter ou da falta disso tudo, se preferirem e, por isso, é um filme que vale a pena.
Adaptation Direção de Spike Jonze EUA : 2002 : 114 min Com Nicolas Cage (Kaufman), Meryl Streep (Susan) e Chris Cooper (John Laroche)
Adaptação é um meta filme, quer dizer, é um filme que fala sobre a arte de criar filmes. Eu não sabia desse detalhe antes de assisti-lo e confesso que, se soubesse, talvez desistisse de vê-o. Ainda bem que não desisti. Confesso que tenho certo preconceito contra obras de arte que falam sobre o processo de produção do artista, mas vamos admitir a hipótese que autores também são seres humanos e que os dramas enfrentados por eles têm algum resquício de universalidade.
Meta filme
Adaptação é a história de um roteirista incumbido da missão de adaptar um livro para o cinema. Além disso, o filme trata de adaptação em outros sentidos: a adaptação darwinista pela sobrevivência e a do roteiro que se adapta às reviravoltas que acontecem na cabeça do roteirista.