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Crítica | 12 homens e uma sentença

A justiça em julgamento

Twelve angry men
Direção de Sidney Lumet
1957 : EUA : 96 min : preto e branco
Com Henry Fonda (jurado nº 8),
Lee J. Cobb (jurado nº 3) e
Ed Begley (jurado nº 10).

Em filmes sobre julgamentos em tribunal, geralmente, o espectador sabe de antemão se o réu é inocente ou culpado. A questão se resume em torcer pelo surgimento das provas para que se faça justiça. Em Doze homens, o problema é outro. O réu já passou por julgamento, as provas já foram apresentadas e cabe ao júri dar o veredicto.

Justiça imperfeita

Nesse filme sem mulheres; como o nome sugere são doze homens em cena; aparentemente o caso está liquidado. Os doze jurados, que não se conhecem, entram na sala do júri em um final de dia muito quente, o que será um ingrediente a mais para aumentar a tensão entre eles, e só podem sair de lá com um veredicto unânime. Caso o resultado seja guilty, a pena para o réu será a cadeira elétrica.

Todos pensam que será uma decisão rápida porque as provas contra o réu parecem bem contundentes. Começa a votação e o resultado é onze a um pela condenação. Apenas o jurado número 8 (Henry Fonda) discorda do grupo. Nesse momento se ata o nó da ação.

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Crítica | 21 gramas

Sensibilidade em estado puro


21 grams
Direção de Alejandro Gonzalez-Iñárritu
2003 : EUA : 125 min
Com Sean Penn (Paul),
Benicio Del Toro (Jack) e
Naomi Watts (Christina)
Site oficial: www.21-grams.com

Morte como tema

São muitos os filmes que têm a morte como tema. Em alguns, ela é consequência da guerra, em outros, da ganância do ser humano. Às vezes, a morte acontece nos filmes pelo enfrentamento do homem contra a natureza. Pois bem, em 21 gramas a morte resulta de um acidente automobilístico, desses que a imprensa nos mostra diariamente.

Confesso que tinha em mim a ideia de que um acidente de carro é uma fatalidade da vida cotidiana e que não há muito o que fazer ou refletir nesses casos. Mas 21 gramas me obrigou a rever esse preconceito. A morte é aquilo que é, independente das circunstâncias em que ocorre e os vivos convivem com ela não como querem, mas como podem.

Histórias interligadas

21 gramas conta a história de três famílias cujas trajetórias se cruzam de forma trágica. O professor universitário Paul (Sean Penn) é um cardíaco grave que vive com a mulher à espera de um transplante de coração. Christina (Naomi Watts) é uma dona de casa  que teve um passado ligado a drogas e leva uma vida pacata com seu marido e duas filhas. Jack (Benicio Del Toro) é um ex alcoólico com passagens pela cadeia que descobriu na religião energia para cuidar de sua esposa e dois filhos pequenos.

Um acidente de carro vai interligar os destinos dessas três famílias. O resultado da tragédia é devastador. Paul ganha uma vida nova, Christina mergulha no abismo e volta às drogas, Jack passa a acreditar que Deus o abandonou. No final, restam algumas lições aos personagens e aos espectadores. Restam?

Em um filme com uma densidade de emoções tão alta, seria de se pensar que arrojos formais não seriam necessários e mais que isso, indesejáveis. No entanto, o diretor Gonzalez-Iñárritu arriscou e não perdeu a aposta. A fotografia do filme usa cores desbotadas que em alguns momentos beiram o preto e branco. O resultado foi um clima mais intimista sintonizado com a atmosfera emotiva do filme.

Filme intimista

Boa parte das tomadas foram feitas com câmera na mão e isso deixou o clima mais pessoal. Mas o efeito mais intenso está na montagem das cenas. O diretor optou por uma montagem fragmentada em que os enredos paralelos vão se alternando constantemente. Além disso há um proposital embaralhamento da ordem cronológica das cenas, como se duas sequências de cenas corressem em paralelo, uma cronologicamente mais avançada do que a outra.

A antecipação de algumas informações, longe de confundir ou desestimular o espectador o prende à tela, na tentativa de compor o quebra cabeça aos poucos.

21 gramas é um filme intimista com elevada densidade emocional, que fala sobre a dor diante da morte. Atores em plena forma, fotografia e montagem ousadas. Para sentir e pensar. Em tempo: no finalzinho, ficamos sabendo o que são os 21 gramas.

Marcante

  • A direção de atores desse filme é um caso a parte. O filme transborda emoção do começo ao fim. Rara sensibilidade.
  • A montagem com mais de uma sequência cronológica, produzindo avanços e recuos no tempo narrativo.

Filmes

Crítica | A malvada

Uma estrela cai, outra estrela sobe

All about Eve
Direção de Joseph Mankiewicz
1950 : EUA : 138 min : preto e branco
Com Bette Davis (Margo)
Anne Baxter (Norma Desmonds) e
George Sanders (Addison)

O título em português não caiu muito bem, até porque é possível identificar mais de uma malvada no filme. Malvadas? Talvez sim, talvez não. Ambiciosas, dissimuladas, talentosas, geniosas, carentes, obstinadas, sensíveis, venenosas, Eve (Anne Baxter) e Margo (Bette Davis) são parecidas em muitos aspectos.

Uma está chegando ao estrelato como atriz teatral e a outra se preparando para deixá-lo. O mestre Mankewicz nos mostra a ascensão e queda das divas e, por que não dizer, de todos que experimentam o fugaz sabor da celebridade.

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Crítica | A mulher faz o homem

O escoteiro encontra as raposas

Mr. Smith goes to Washington
Direção de Frank Capra
1939 : EUA :  129 min : branco e preto
Com James Stewart (Mr. Smith),
Jean Arthur (Clarissa),
Claude Rains (Senador Paine) e
Edward Arnold (Jim Taylor)

Somente escoteiros mirins acreditariam na existência de políticos como o senador Smith. Ele é honesto, idealista e tem uma incrível disposição para lutar pelo que acha correto. Está certo que ele é um caipira ingênuo que caiu no ninho das velhas raposas de Washington, mas os filmes de Frank Capra são assim: falam sobre pessoas simples com valores simples.

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