Crítica | Marty

Tímido, desajeitado, feio e … adorável

Marty
Direção de Delbert Man
1955 : EUA : 91 min : branco e preto
Com Ernest Borgnine (Marty Piletti),
Batsy Blair (Clara Snyder) e
Esther Minciotti (Sra. Piletti)

Provinciano? Sim, é um filme sobre pessoas simples de ideais simples, provincianas enfim. Resta saber se a mensagem do filme é provinciana também. Pode ser, mas talvez aí esteja a sua força, afinal é impossível não torcer pelo simpático gorducho.

Quase toda boa história começa com uma situação inverossímil. Marty é um solteirão de 34 anos, mas não por opção. Ele sempre quis constituir família, porém não consegue e aí está o problema. Ele é simpático, boa praça, responsável e respeita as pessoas. Não dá para crer que com esse elenco de qualidades ainda não tenha arrumado uma esposa.

Busca dos valores genuínos

Marty acredita que o problema é com ele e que não consegue noiva porque é tímido, desajeitado e feio e daí vem o tema do filme: o dilema de se deixar levar pela superficialidade do grupo ou seguir o que o próprio julgamento manda. Marty sabe no seu íntimo quais são as qualidades indispensáveis a quem quer se casar. Os seus amigos, no entanto, preferem a farra, as moças bonitas e fáceis e acreditam que sair com moças feias compromete a imagem do sujeito.

A história do filme cobre pouco mais do que 24 horas na vida do açougueiro Marty. Para contá-la bastariam umas duas ou três linhas, porque a história é muito simples. Trata-se do encontro de Marty com Clara, uma professora de Química, que também busca um companheiro e que enfrenta as mesmas dificuldades do nosso herói. Ela também é tímida, desajeitada e sem encantos físicos. Infelizmente, para os dois pombinhos, as pessoas que cercam Marty parecem estar unidas no propósito maligno de melar a relação dos dois. Marty, porém, sabe o que quer e mesmo balançando diante das pressões toma o caminho que sua consciência e seu coração mandam.

Marty vive com a mãe. É o único irmão que ainda não casou em uma família de sete. A mãe de Marty deseja o casamento do filho, mas quando Clara aparece na vida dele, outros fatos estão correndo em paralelo e isso faz a super mãe agir de forma um pouco mesquinha. Envenenada por uma irmã ranzinza, a Sra. Piletti começa a ver em Clara uma ameaça ao seu mundo de mama italiana. É mais um obstáculo a ser superado por Marty para encontrar a sua tão sonhada esposa.

Adorável provinciano

Os amigos de Marty são dominados pela vontade de colecionar conquistas. E nessa caça só interessam as belas. Os bagulhos estão fora dos planos, como dizem no filme. Marty está sempre com eles, mas não se sente muito confortável nesse grupo que, apesar de toda pose, não se dá muito bem em suas investidas.

Esse filme ganhador do Oscar e da Palma de Ouro em Cannes se passa em Nova York. Mas o mundo revelado nele não tem a suposta modernidade cosmopolita de uma metrópole. É um filme que afirma valores tradicionais e simples como família, casamento, honestidade e a supremacia dos valores densos sobre os superficiais. E daí vem sua força.

Um filme sobre pessoas simples, que são a maioria da população, que levam uma vida sem heroísmo, sem glamour, que não se destacam pela aparência ou pelo charme. O que faz Marty e Clara se diferenciarem nessa massa é a beleza interior. Ah, se houvesse meios de fazer as pessoas enxergarem a beleza interior com tanta facilidade quanto veem a beleza externa.

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