Nem toda palavra é neutra, de uso geral, de significado único e preciso. Isso se deve à conotação. Vejamos algumas ocorrências relacionadas à conotação.
Termos referencialmente sinônimos. Vamos considerar os termos ‘música sertaneja’ e ‘música caipira’. Os dois termos apontam para o mesmo referente embora apareçam nos discursos em distribuição complementar, ou seja, nos contextos em que se usa um não se usa outro. Isso se deve a impressões e opiniões agregadas a cada termo acerca do referente. Quando se usa ‘música caipira’, fica subentendido que a música é de má qualidade, de baixa índole, etc. Caso se use ‘música sertaneja’, subentende-se música de boa qualidade.
Palavras com referente mutável contexto a contexto. Vamos analisar a palavra ‘burguês’. Para um historiador, o burguês é o morador do burgo que desencadeia a revolução industrial. Para um marxista, burguês é o explorador da sociedade. Para um adepto da contracultura, o burguês é o símbolo da decadência da sociedade de consumo. O referente é o mesmo para todos os emissores, mas cada um deles agrega à palavra diferentes impressões e opiniões.
Palavras ligadas a dados contextos. Certas palavras só são adequadas ou toleráveis em dadas situações, tipos de discurso, ocasiões. Exemplo: o chulo. Os termos considerados chulos só costumam aparecer em contextos informais, pois somente nesses contextos eles são tolerados. Para contextos formais existem equivalentes próprios.
Palavra típica de grupo, região, época ou estilo. Os termos que característicos de um grupo ficam impregnados das impressões e opiniões que a comunidade tem sobre ele. São exemplos as gírias, regionalismos e jargões. Se as gírias, via de regra, são execradas pela comunidade conservadora é porque a comunidade não aceita o grupo que as pratica e não por execração à gíria em si.
Conceito de conotação
As classes de palavras acima citadas têm características de uso próprias em função de opiniões e impressões a ela aderidas, seja dos usuários em relação ao referente que elas simbolizam ou dos usuários em relação ao subgrupo de usuários que as praticam. Este perfil é a conotação da palavra. Conotação é a resposta a perguntas como: é de uso geral ou restrito a contextos, situações, grupos, épocas, regiões? Que sentido ela assume em dado contexto, para dado grupo? Que juízos, impressões a ela se aderem em função de suas características de uso?
Toda vez que uma palavra conotada é usada em situação alheia ao seu perfil típico de uso o resultado é estranhamento, sensação por parte do receptor de uma inadequação de que algo está errado no discurso.
Conotação de categorias de língua
O mesmo raciocínio aplicado anteriormente a palavras se estende às categorias de língua. Vamos partir de alguns exemplos do português:
- A segunda pessoa do tratamento no português é considerada rara, formal, própria da poesia, arcaica, etc.
- A ênclise dos pronomes átonos é considerada formalíssima e por muitos, até pedante.
- A voz passiva é evitada no jornalismo atual.
Pelos exemplos, conclui-se que as categorias da língua também são conotadas, têm um perfil de uso adequado.
Categorias retóricas
- Atratividade do discurso
- Comunicabilidade
- Concisão
- Conotação
- Definição
- Dualidades do discurso
- Eufemismo e disfemismo
- Legibilidade
- Propriedade do discurso
- Quantidade de informação
- Sociabilidade
- Sofística
- Taxonomia