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Como se pede um x-salada (cheese-salada)?

Todo mundo conhece aquele sanduíche que leva hambúrguer, salada (alface e tomate), maionese e queijo (cheese). A maioria das lanchonetes anuncia o produto como x-salada e outras, em menor número, como cheese-salada. O x-salada é um item da culinária fast food vendido aos milhões nas lanchonetes do Brasil, mas a sua ortografia ainda não foi fixada nos dicionários nem no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa.

A análise desse caso pitoresco renderia uma monografia a um desocupado, mas para os propósitos deste post bastam algumas perguntas sem resposta.

x-salada
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Por que solucionática não está nos dicionários?

A palavra solucionática ganhou notoriedade quando o jogador Dadá Maravilha soltou sua famosa frase durante entrevista após um jogo de futebol: “Não me venham com a problemática que eu tenho a solucionática.” Fazendo uma pesquisa no Google encontramos a palavra em pleno uso. Ela dá nome a uma empresa de Informática, faz parte do nome de vários blogs, além de constar em vários sites associada às frases famosas do folclórico Dadá. Porém, não é uma palavra dicionarizada.

Dadá Maravilha

Não vale dizer que uma palavra precisa se consolidar para aparecer no dicionário, afinal de contas, soucionática está em uso há mais de trinta anos. Talvez o problema com solucionática seja o fato de ela ser uma espécie de antipalavra. Ela foi inventada por um jogador de futebol de inguinorança notória. Não vem ao caso o fato de o Dadá ter uma criatividade exuberante para se expressar. Um gênio iletrado não pode criar uma palavra dicionarizada? Solucionática não é uma palavra, é uma piada, dirão alguns. Ou não? Está colocada a problemática. Qual seria a solucionática? Ops. Usei a antipalavra.

Não perca: Ouça a entrevista de Dadá Maravilha em que conta a história da sua famosa palavra. Entrevista ao Radar Cultura.

Crédito de imagem: J. Bosco

Letras

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Átomo: partícula divisível

O lançamento do LHC, o Grande Colisor de Hádrons, me fez pensar no sentido da palavra átomo. Essa palavra vem do grego e é formada pela junção do prefixo a com o radical tomo. Tomo quer dizer parte e o prefixo a indica negação, ou seja, átomo é aquilo que não tem partes, indivisível. Para os gregos Demócrito e Leucipo, o átomo seria o constituinte fundamental da matéria, mas durante séculos esse conceito não passou de uma hipótese tentadora.

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Trema na lingüiça

O Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa, que vigora desde 2008, prevê a extinção do trema, aqueles dois pinguinhos em cima do u de palavras como lingüiça. Extinção? Uma coisa é bom saber sobre as regras ortográficas da nossa língua: sempre quer dizer de vez em quando e todos quer dizer mais da metade.

Com o trema não poderia ser diferente: o trema vai sumir, mas permanece em nomes próprios e seus derivados. Depois de saber disso fui imediatamente falar com meu colega Jürgen. Pedi a ele encarecidamente para não lançar nenhuma seita ou movimento filosófico que possa vir a se chamar jürgenismo, senão teremos mais um trema escapando da extinção em massa.

No Brasil, as reformas ortográficas acontecem a cada 30 anos, mais ou menos. Espero que para a reforma de 2040 alguns programadores de computador sejam convidados a opinar. Eles são pessoas que conseguem raciocinar logicamente. Para programadores, sempre quer dizer sempre e todos quer dizer todos. Nenhum computador do mundo funcionaria se os programadores pensassem de outra forma. A língua, felizmente, funciona mesmo quando é tutelada pelos letrados.

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