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Retórica da Literatura

A Retórica  literária é a mais difícil de delimitar. Em literatura, mimetiza-se o formal e o informal, o espontâneo e o elaborado, o oratório, o jornalístico, a discussão, o colóquio e o debate. Assim, a Retórica da literatura nestes casos será a Retórica do jornalístico, do colóquio, do debate, etc.

O caráter literário de um discurso não está dado a priori de uma estética que o suporte. A literariedade não é uma atribuição unânime, líquida e certa, é definida obra a obra, autor a autor, escola a escola, época a época. Não está congelada no Olimpo das ideias platônicas à espera de um estudioso diligente que a resgate. O que é literário para uns pode ser o antípoda do literário para outros. Enfim, literariedade é questão de opinião. Nunca haverá acordo para definir universalmente o que é o literário. Felizmente é assim.

Retórica
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A literatura nunca evolui

A literatura é a mesma desde Homero. Calma lá. Antes de iniciar o apedrejamento permitam-me esclarecer e no final vocês verão que a maioria das celeumas começam por meras divergências semânticas.

Para chegar onde quero começarei falando da linguagem dos índios: Será possível fazer poesia na língua dos ianomanis, que vivem lá na Amazônia, em estado de relativo isolamento, imersos numa cultura supostamente primitiva? Como expressar as angústias de um poeta do final do milênio em ianomani, se na realidade deles não existe asfalto, web, poluição, papel ou globalização e por conseguinte não existe vocabulário para expressar tais coisas. A língua dos ianomanis seria muito primitiva para nossa sofisticada poesia cosmopolita?

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Teste para poetas

Você se considera poeta? Coletei em várias entrevistas com poetas que li ultimamente algumas perguntas típicas que são feitas a um escritor. Faça de conta que o entrevistado é você e veja se teria respostas consistentes a dar.

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Leis de Murphy para escritores

As implacáveis leis de Murphy se aplicam à arte da escrita perfeitamente. Algumas delas:

  • O número de leitores de um livro é inversamente proporcional à sua qualidade.
  • O número de leitores de um livro é inversamente proporcional ao seu número de páginas.
  • Se há uma remota possibilidade de suas palavras serem mal interpretadas serão.
  • Se não há a mínima possibilidade de suas palavras serem mal interpretadas ainda assim serão.
  • Há proporcionalidade direta entre número de palavras difíceis no seu texto e o número de vezes que a orelha da sua mãe esquenta.
  • Os opostos se atraem. Quanto melhor o livro, mais chances dele ser resenhado por críticos medíocres.
  • O melhor leitor raramente encontra um autor à sua altura, que por sua vez raramente encontra um crítico à sua altura, que por sua vez raramente encontra uma mídia à sua altura, que por sua vez raramente encontra patrocinador à sua altura, que por sua vez está nas alturas.
  • As chances de reconhecimento de um autor aumentam exponencialmente com sua morte.
  • A glória literária aumenta na exata medida em que diminui a necessidade de glória.
  • A atualidade é muito mais frequente em obras antigas.
  • A maioria dos escritores está aquém do seu tempo.
  • Há grandes chances do resumo sair maior que o original.
  • Há uma tendência dos textos se alongarem na exata proporção da sua falta de assunto.
  • A dificuldade de simplificar só é superada pela facilidade de complicar.

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