Bifurcação com remissivos

A bifurcação com remissivos é uma ocorrência interessante, pois pode ser tratada satisfatoriamente por mais de um modelo de análise sintática. Em nosso modelo, vamos considerar que trata-se de um caso de bifurcação, pois um mesmo item exerce duas funções sintáticas, uma em cada frase da bifurcação. Em uma das frases, um remissivo substitui o sintagma comum. Veja alguns exemplos:

(SAdvmf)SujSV(SAdj)(OD)(OI)([SAdvmsv]n)
Vocêfezuma escolha que pode não ter volta.
O vinhoque você trouxeéexcelente.
A mobíliaédequalidadeque não se encontra mais.

A característica comum às frases em negrito é conter um remissivo que representa o sintagma sublinhado. Na frase que pode não ter volta, o remissivo que ocupa a função de sujeito e remete a uma escolha. Na frase que você trouxe, o remissivo que desempenha função de objeto direto e remete a o vinho. A remissão fica mais clara quando comutamos as frases por outras similares sem bifurcação. Observe:

  • Você fez uma escolha que pode não ter volta.
    Você fez uma escolha. Uma escolha pode não ter volta.
  • O vinho que você trouxe é excelente.
    O vinho é excelente. Você trouxe o vinho.
  • A mobília é de qualidade que não se encontra mais.
    A mobília é de qualidade. Qualidade não se encontra mais.

Em outro modelo de análise, a frase com remissivo poderia ser tratada como um encaixe com função de sintagma adjetivo na frase mãe. Esse modelo se justifica do ponto de vista semântico, pois a frase com remissivo, invariavelmente qualifica o sintagma da outra frase, o qual o remissivo substitui. Não adotamos esse modelo, porém, porque observando as frases com remissivos exclusivamente pelo ponto de vista sintático, vemos que elas não tem as características de sintagmas adjetivos conforme estabelecemos em nosso modelo.

Sintaxe

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