Crítica | A bolha

Gosmenta, asquerosa, trash e cult

The blob
Direção de Irvin S. Yeaworth Jr.
1958 : EUA : 86 min
Com Steve McQueen (Steve) e
Aneta Corsaut (Jane)
Tema de abertura de Burt Bacharach

Ela veio do espaço dentro de um meteorito e está crescendo sem parar graças a uma dieta rica em proteína humana. Nada parece detê-la: nem tiros, nem ácido, nem choque elétrico. O que será da humanidade? Seremos todos engolidos pela bolha grudenta? A bolha é o legítimo filme trash cult. A produção é precária, as performances dos atores são uma droga, os efeitos especiais são toscos e engraçados, os diálogos são repetitivos.

Do trash ao cult

Enfim, quanto mais você assiste mais problemas encontra no filme. Então por que assisti-lo? Acontece que ele tem aquelas as virtudes fundamentais do trash cult: parte de uma ideia engraçada e original; pretende arrancar gritos de horror da plateia, mas acaba tirando boas risadas; é ingênuo e despretensioso e reflete uma visão de mundo simples e romântica.

A bolha é mais uma produção americana da década de 1950 que mescla horror com ficção científica. Outros exemplos são Guerra dos Mundos (1953) e Plan 9 from outer space (1959). Nas décadas anteriores, o cinema americano ainda importava monstros europeus como Drácula e Frankenstein. A partir da década de 1950, a indústria cinematográfica começou a se interessar pelo público adolescente e era preciso buscar novos paradigmas.

Com a corrida espacial em curso, o terror começou a vir do espaço. Como sempre, o terror vem de fora. O medo americano sempre tem como causa algo absolutamente mau que chega de além das suas fronteiras e ameaça uma população honrada. Ok, não são apenas os americanos que agem assim, mas eles lideram a indústria cinematográfica mundial, então que aguentem a bronca.

Pensando bem é bom

Mas nem tudo em A bolha é primário. Há algumas particularidades no filme que o mantém vivo em nossa memória. Note como ninguém acredita naqueles adolescentes, que são tratados como arruaceiros. Observe o policial durão que pensa que ainda está na Segunda Guerra. Perceba como no final, as diferenças são superadas e todos se unem contra a maldita bolha comilona.

Esse filme já teve remake com melhor produção em 1988 (A bolha assassina), mas vale a pena assistir o original. Atenção para Steve McQueen em início de carreira e a música de abertura de Burt Bacharach, que não tem nada a ver com filme de terror, é um mambo. Ideal para os saudosistas dos anos dourados e para quem pensa em largar o chiclete.

Marcante

  • O velho eremita é o primeiro a ver o meteorito fumegante que caiu próximo à sua cabana. De repente, o meteorito racha como um ovo e aparece a pequena bolha no seu interior. Como em todo filme de terror que se presa, os idiotas curiosos morrem primeiro e o velho resolve cutucar a bolha com um graveto.

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