Crítica | A rede social

O antissocial que se deu bem

The social network
Direção de David Fincher
2010 : EUA : 121 min
Com Jesse Eisenber (Mark),
Justin Timberlake (Sean) e
Roomey Mara (Eduardo).

Quando fiquei sabendo que A rede social contava a história da fundação do Facebook recuei um passo. Vale a pena assistir um filme sobre a ascensão fulminante de uma empresa de tecnologia? O que há de interessante na biografia de um nerd de Harvard que justifique uma película de duas horas?

A ascensão do nerd

Bem, o nerd tornou-se bilionário antes de completar trinta anos de idade. Gênio, dirão alguns; estava no lugar certo na hora certa dirão outros. Excêntrico, criativo, insensível, obstinado, arrogante, visionário; os adjetivos aplicáveis ao personagem principal vão de um extremo a outro na escala que começa no elogio e termina no xingamento. A rede social é um drama psicológico que trata de formação, ética, caráter ou da falta disso tudo, se preferirem e, por isso, é um filme que vale a pena.

Mark Zuckerberg, o protagonista de A rede social é um garoto da era digital, entende tudo de Informática e passa o tempo todo querendo descobrir uma forma de fazer sucesso com a Internet. Como dizem por aí: quem mexe com rede social não se socializa muito no mundo real. Mark segue o figurino. Suas investidas na Internet sempre exploram o lado social da rede, mas sua vida pessoal não é um primor nos relacionamentos.

O primeiro site que ele colocou no ar tinha por objetivo eleger as garotas mais gostosas de Harvard. O problema é que as não gostosas ficaram bem ofendidas pelo tratamento tosco que recebem no site de Mark. Decididamente, ele não é uma pessoa sensível e talvez aí esteja uma das razões para o sucesso que alcançou como empresário de mídia social.

Eduardo, o colega de quarto brasileiro de Zuckerberg em Harvard gera o contraste necessário à trama. Eduardo é mais sociável, mais normal, mais boa praça. O problema é que essas qualidades não fazem parte do perfil do empresário digital bem sucedido, pelo menos na visão de Mark. Eles fundam o Facebook juntos, mas logo Mark começa a boicotar o colega e o relacionamento entre eles evolui da amizade para a disputa judicial.

Sean Parker é o terceiro personagem chave da história. Fundador do Napster, o mais famoso site falido da Internet, Sean é uma espécie de guru de Mark em sua ascensão no mundo digital. Muito charme e carisma pessoais misturados com falta de escrúpulos, esse é Sean, um cara que gosta de influenciar (manipular) pessoas. Enquanto Mark é o rapaz das ideias, Sean é o cara do marketing que faz a ponte entre as pessoas certas para o Facebook dar certo.

O ecossistema das big techs

A rede social é um filme sobre relações pessoais, especificamente, as que rolam no mundo dos negócios. Pode ser frustrante para quem vai assisti-lo esperando doses maciças de inspiração para se tornar o próximo bilionário da tecnologia, mas pensando bem, de certa forma o filme dá dicas a candidatos a bilionários; só que não são indicadas para bons moços.

Vejamos algumas delas: Tenha uma boa ideia e se não tiver, empreste ou roube. Implemente a boa ideia antes do concorrente. Persiga o crescimento obsessivamente. Remova os obstáculos do caminho, se necessário sacaneando os amigos.

A rede social é construído com personagens bem modelados, diálogos afiados e nos ajuda a entender a cabeça dessa nova geração que está tomando o poder. O tema parece árido, mas aí está o mérito: fazer um filme bom sobre negócios de nerds.

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