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Crítica | O tesouro de Sierra Madre

Parábola universal da cobiça

The treasure of Sierra Madre
Direção de John Huston
1948 : EUA :  126 min : branco e preto
Com Humphrey Bogart (Fred Dobbs),
Tim Holt (Bob Curtin),
Walter Huston (Howard) e
Bruce Benett (Cody)

Garimpeiros são personagens marcantes da aventura humana. Dispostos às mais duras provações em nome da sorte grande, eles sempre estiveram na vanguarda da colonização. Predadores da natureza virgem, estabelecem o contato inicial com as culturas locais e como uma onda avançam pelas terras inexploradas, deixando um rastro de violência e depredação.

Assim foi, assim é. Não se pode dizer que são o tipo ideal de herói para filmes hollywoodianos. O diretor John Huston sabia disso, mas decidiu fazer um mergulho no lado sombrio da natureza humana contando a história de quatro garimpeiros e seu mundo.

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Crítica | Os infiltrados

Quando o mau é bom e o bom é mau

The departed
Direção de Martin Scorsese
2006 : EUA :  149 min
Com Leonardo DiCaprio (Billy Costigan),
Matt Damon (Colin Sullivan),
Jack Nicholson (Frank Costello) e
Vera Farmiga (Madeleine)
Site oficial: thedeparted.warnerbros.com

Os infiltrados parte de um enredo engenhoso: o policial Billy Costigan (DiCaprio) se infiltra na gangue de Frank Costello (Nicholson) ao mesmo tempo em que o gangster Collin Sullivan (Matt Damon) inicia carreira na polícia de Boston. Em pouco tempo ambos sobem na hierarquia das organizações em que atuam. Billy (o bom) consegue entrar no círculo do velho mafioso e Collin (o mau) é promovido no departamento de polícia.

Porém, uma sucessão vertiginosa de incidentes faz com que os dois lados farejem a existência dos infiltrados. A partir daí, começa uma caçada em que o bom e o mau perseguem um ao outro. Essa trama simétrica serve para Martin Scorsese fazer aquilo que é sua especialidade: mostrar o mundo do crime por dentro.

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Crítica | Os sete samurais

Honra de miseráveis


Shichinin no samurai
Direção de Akira Kurosawa
1954 : Japão :  206 min : branco e preto
Com Takashi Shimura (Kambei Shimada),
Toshiro Mifune (Kikuchiyo) e
Seiji Miyaguchi (Kyuzo)

Aprendemos a ver os samurais como uma versão japonesa dos cavaleiros andantes, como guerreiros obcecados pela honra, pelo aperfeiçoamento de suas habilidades e imbuídos de nobres ideais. Assim como os cavaleiros andantes, os samurais tiveram seu tempo até que o mundo deles começou a desmoronar. Bem, os sete samurais do filme têm todas essas características, mas também são seres humanos com história e sentimentos e enfrentam a miséria em uma época de provações terríveis.

Classes sociais em conflito

Akira Kurosawa compôs um painel social amplo de um Japão conturbado por guerras intermináveis e classes sociais em conflito. Temos os camponeses oprimidos pelos poderosos e atormentados por bandoleiros. Temos os samurais que vagueiam pelas vilas em busca de trabalho e, por fim, os bandoleiros que também não passam de miseráveis e vivem do saque. A história se passa no século XVI e começa quando um camponês flagra a conversa de um grupo de bandoleiros.

Eles planejam o ataque à aldeia do camponês assim que terminar a colheita, para que o saque seja mais proveitoso. Os pobres camponeses se reúnem para ver o que pode ser feito e decidem contratar os serviços de alguns samurais para protegê-los. O problema é que os lavradores são miseráveis e não têm como pagar pelos serviços. Depois de muitas dificuldades e peripécias, finalmente os camponeses conseguem trazer até a aldeia um grupo de sete samurais. Não é um grupo ideal, convenhamos, mas no calor da batalha é que se forjam os heróis. Um longo treinamento e uma dura batalha espera os camponeses que agora contam com proteção.

Os camponeses são miseráveis, mas ricos psicologicamente: o velho patriarca é cheio de astúcia; o jovem Rikichi é o líder que não se rende ao conformismo; o velho Manzo é o pai mesquinho que esconde a filha por medo de que os samurais a desonrem.  Cada samurai também tem muito a dizer.

Sete histórias, sete personalidades

Shimada é o líder. Homem desprendido e generoso, é um guerreiro experiente e líder astuto. É ele que monta a estratégia para a batalha. Kyuzo é um samurai litúrgico, austero, espadachim exímio, para quem ser samurai é um sacerdócio. Superar limites e executar missões impossíveis é com ele. Katsushiro é um rapaz inexperiente que tem veneração pelos samurais e quer a todo custo se tornar um deles. Só que para isso, ele precisa crescer e se tornar um homem. Kikuchiyo é um bufão ridicularizado por todos que tenta se unir ao grupo a todo custo. Para conquistar seu espaço ele tem que mostrar a que veio e precisa enfrentar seu passado obscuro e terrível.

É preciso pensar com uma cabeça oriental, para aproveitar o máximo que este filme têm a nos oferecer. É um filme com longos silêncios, com interpretações estilizadas e teatrais e fala sobre um universo estranho para os ocidentais. Quem no ocidente se preocupa com honra? Mas o shakespeariano Kurosawa tem a força: o enredo é envolvente e denso, as cenas de batalha são exuberantes, os personagens são complexos e a fotografia é magnífica. Tudo isso é universal e perfeitamente assimilável por um ocidental.

Os sete samurais é um filme sobre miséria extrema e nobres guerreiros desprezados. Na cena final, Akira compõe a última pintura viva do filme: os sete samurais aparecem juntos mais uma vez. Poderosa reflexão sobre vitória e derrota. Uma reflexão universal, mas com uma dimensão maior para o povo japonês que, em 1954, ainda se recompunha da derrota na Segunda Guerra Mundial.

Marcante

  • Kikuchiyo (Minfune) vestido com a armadura de um samurai morto fala aos outros seis tudo o que tem preso na garganta. Os ódios acumulados são postos na mesa. Momento mágico de Toshiro Mifune.
  • Os enquadramentos do filme são dignos dos grandes pintores muralistas. A cada cena, temos uma composição magnífica. Repare como Akira enquadra os samurais quando eles aparecem na mesma tomada.

Filmes

Crítica | Perfume – a história de um assassino

O perfume da alma humana

The story of a murderer
Direção de Tom Tykwer
2006 : Alemanha: 147 min
Com Ben Wishaw (Jean-Baptiste Grenouille),
Dustin Hofmann (Giuseppe Baldini) e
Alan Rickman (Antoine Richs).

Toda vez que assisto O perfume fico encasquetado, o filme me incomoda, me provoca. Minha mente cartesiana de engenheiro quer interpretações claras, mas o filme tem seus mistérios, sua atmosfera simbólica que evoca impressões vagas como faria um perfume complexo.

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Crítica | Sete homens e um destino

Mercenários em busca de redenção

The magnificent seven
Direção de John Sturges
1960 : EUA : 126 min
Com Yul Brinner (Cris Adams),
Eli Wallach (Calvera),
Steve McQueen (Vin),
Charles Bronson (O’Reilly) e
James Coburn (Britt).
Música de Elmer Bernstein

No oeste lendário, o homem defendia seu espaço com sua coragem e uma arma. A lei e a ordem ainda não existiam nesse mundo arcaico onde não se pensava em justiça, mas apenas em sobrevivência. Todavia, mesmo com toda a brutalidade do oeste, alguns homens buscavam uma razão maior para suas vidas. Nesse filme, sete homens lutam por redenção.

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