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Crítica | A rede social

O antissocial que se deu bem

The social network
Direção de David Fincher
2010 : EUA : 121 min
Com Jesse Eisenber (Mark),
Justin Timberlake (Sean) e
Roomey Mara (Eduardo).

Quando fiquei sabendo que A rede social contava a história da fundação do Facebook recuei um passo. Vale a pena assistir um filme sobre a ascensão fulminante de uma empresa de tecnologia? O que há de interessante na biografia de um nerd de Harvard que justifique uma película de duas horas?

A ascensão do nerd

Bem, o nerd tornou-se bilionário antes de completar trinta anos de idade. Gênio, dirão alguns; estava no lugar certo na hora certa dirão outros. Excêntrico, criativo, insensível, obstinado, arrogante, visionário; os adjetivos aplicáveis ao personagem principal vão de um extremo a outro na escala que começa no elogio e termina no xingamento. A rede social é um drama psicológico que trata de formação, ética, caráter ou da falta disso tudo, se preferirem e, por isso, é um filme que vale a pena.

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Crítica | A culpa é do Fidel

Educação prafrentex

La Faute à Fidel
Direção de Julie Gavras
França : 2006 : 99 min
Com Nina Kervel-Bay (Anna),
Julie Depardieu (Marie) e
Stefano Acccorsi (Fernando)

Embora o filme mostre vários “comunistas barbudos comedores de criancinhas” e alguns “ricaços porcos imperialistas” prefiro vê-lo como uma obra sobre educação e não sobre política. Exemplos sobre o que não fazer ao educar os filhos são abundantes no filme e acredito que devia ser exibido em todos os cursos de pedagogia como case de dificuldades educacionais. Além disso, o filme traça um perfil divertido de esquerdistas e direitistas que se assemelham entre si em muitos aspectos e competem no quesito fundamentalismo tacanho.

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Crítica | O diabo veste Prada

A sofisticada sedução do diabo

The devil wears Prada
Direção de David Frankel
2006 : EUA : 109 min
Com Meryl Streep (Miranda Priestly),
Anne Hathaway (Andy Sachs) e
Stanley Tucci (Nigel)
Site oficial: www.devilwearspradamovie.com

O diabo tem suas armas para atrais as almas: sofisticação, glamour, poder e grifes caríssimas. Andy (Anne Hathaway), nossa heroína, terá que lutar muito contra o assédio das forças do mal. Ela é uma jovem recém-formada em jornalismo buscando seu lugar no mundo profissional. Eficiência e dedicação não lhe faltam, mas essas qualidades acabam sendo úteis aos interesses do Mal.

Crítica ao workaholic

O diabo, ou melhor: a diaba, nesse caso é a lendária executiva do jornalismo de moda Miranda Priestly. Essa diaba (Meryl Streep) nunca desce do salto e cumpre à risca o seu papel na sociedade. É uma executiva ultra eficiente e visionária que dá as cartas no iniciático universo da alta moda. Bem, esse é o lado light de sua figura. Completam o perfil da diva o mau humor 24 por 7, o perfeccionismo a qualquer preço e a convicção de que todos a sua volta estão em um nível ínfimo de competência e relevância.


Andy consegue o emprego de segunda assistente de Miranda em parte pelo acaso, mas principalmente por ser diferente das jovens que ocuparam o cargo anteriormente. Na editora de Miranda todos repetem o mesmo mantra: “Um milhão de garotas dariam a vida pela sua vaga, minha cara Andy.” Andy, porém, sequer sabia quem era a poderosa Melissa antes de chegar para a entrevista. Depois de conquistar a vaga,

Andy, que sonha trabalhar no jornalismo ‘sério’, inicia um processo de rápida transformação. Ela começa a entender de moda, a ficar mais sofisticada e graças às cobranças desumanas da chefe rapidamente se transforma em uma máquina de trabalhar. Uma transformação para o bem ou para o mal?

Esse é um filme sobre o universo do trabalho. Além de ser uma comédia deliciosa, podemos refletir sobre os limites da servidão aos interesses da carreira. Para ser reconhecido e chegar ao topo há um preço alto a pagar. Talvez seja preciso puxar o tapete de alguns concorrentes ou deixar o namorado esperando.

Mercado da mega hiper competência

Em sua busca pela mega hiper competência Andy se transforma. A sua vida simples começa a se perder no passado, os velhos amigos vão se afastando. Evolução ou corrupção? Uma hora Andy terá que decidir o que deseja para si. Levar a sério a futilidade da alta moda? Futilidade? Mas como se é um negócio que movimenta milhões? E o que seria o trabalho ‘sério’ que Andy cultua?

No fundo, Andy projeta na chefe sua imagem amanhã e Miranda vê na assistente a si mesma ontem. Talvez Miranda tenha escolhido Andy por causa de um desejo secreto: o de fazer com que pessoas normais e inteligentes respeitem o mundo fashion, tido por muitos como frívolo e afetado. Um filme para rir dos chefes carrascos. Miranda é o retrato escarrado de alguns que estão por aí infernizando a vida dos seus funcionários. Tudo em nome da eficiência pós-moderna, claro.

Marcante

  • Os mortíferos olhares de desprezo de Miranda. Capazes de reduzir qualquer um ao pó da insignificância.
  • Miranda, personagem inesquecível graças à atuação de Meryl Streep que é ótima quando é má. A personagem se torna ainda mais divertida quando lembramos que foi inspirado em Anna Wintour, editora chefe da revista Vogue de Nova York.

Filmes

Crítica | Vidas amargas

O fim do Éden

East of Eden
Direção de Elia Kazan
1955 : EUA : 115 min
Com James Dean (Cal),
Julie Harris (Abra),
Raymond Massey (Abram) e
Jo Van Fleet (Kate).

Tudo em Vidas Amargas é repleto de significação, a começar pelo título original (East of Eden) que nos remete à história bíblica de Abel e Caim. Mas não pense em encontrar o bom e o mau irmão nos moldes bíblicos, porque nesse filme as fronteiras entre o bem e o mal são muito difusas,  como na vida real.

Vidas Amargas é um filme sobre conflito de gerações, mas que vai muito além disso. É uma obra densa com personagens complexos e outros temas estão lá: o impacto da tecnologia; a transformação que a guerra traz à vida de uma pequena comunidade; a solidão; a perda da inocência; o conflito entre alinhados e desajustados; entre formais e viscerais; entre certinhos e malandros; e por que não dizer: entre o bem e o mal.

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