Uma casa de campo feita de aço e vidro. A ideia podia parecer estranha, afinal ainda hoje esse tipo de construção está associado a técnicas mais rústicas e materiais tradicionais. O ar tecnológico da combinação aço vidro, tipicamente modernista, começava a ser visto em arranha-céus, mas não em áreas rurais na década de 1950.
O resultado da ideia inusitada, porém, foi um sucesso. Originalmente construída para o veraneio da médica americana Farnsworth, a casa hoje é um museu aberto à visitação de todos que apreciam a melhor arquitetura.
Marco visual mais conhecido da Rússia, a catedral de São Basílio está situada no centro geométrico histórico de Moscou na Praça Vermelha e ao lado do Kremlin o conjunto de edifícios que sediam o governo russo. Construída a mando do czar Ivan o Terrível em comemoração à conquista de Kazan em 1552 a catedral passou ao longo dos séculos por reformas, ampliações, incêndio e restauros.
No período soviético os bolcheviques converteram a catedral cristã ortodoxa em museu e cogitaram demoli-la. Na atualidade, a catedral está sob os cuidados do governo da Rússia, é aberta a visitação e se mantém como um dos monumentos mais importantes desse povo.
Complexidade
Sua estrutura complexa, suas cores vivas, o convívio da geometria com a imprevisibilidade tornam a catedral única. Seria um exagero dizer que a obra está impregnada de algum desconstrutivismo? Sim, há um caos controlado nas cúpulas desse monumento. As torres seguem o estilo conhecido como gótico russo: uma base cilíndrica que suporta uma cúpula cônica que pode ser coroada com uma cebola.
Na catedral de São Basílio temos nove torres. A torre central domina o conjunto. Ao redor dela outras quatro torres com cúpulas cebolas, orientadas pelos pontos cardeais. Intercaladas entre as quatro cúpulas maiores, outras quatro cúpulas cebola menores posicionadas segundo os pontos sub-cardeais. Completam o conjunto dois anexos que quebram a simetria do conjunto, mas que se equilibram em lados opostos. Esses anexos construídos posteriormente abrigam os restos mortais de São Basílio e do beato João de Moscou.
Ainda hoje a Casa de vidro causa impacto e gera polêmica. É uma casa, certo? Embora tenha um ar de projeto conceitual seu criador, o arquiteto Philip Johnson, a usou como casa de veraneio por muitos anos. O primeiro impacto que a casa me provoca tem a ver com a questão da privacidade. Como é toda rodeada de vidro os moradores ficam expostos aos olhares que vem de fora.
Bem, esse talvez seja o principal paradigma rompido pela casa de vidro: se por um lado os moradores podem ser vistos, também têm uma ótima perspectiva para verem o que os rodeia. É como se a casa fosse a continuação do entorno. Considerando que se trata de uma casa de campo rodeada pelo verde e que não há vizinhos curiosos em volta, a possibilidade de apreciar o entorno sobrepõe o instinto da privacidade.
Espaço aberto
Outro impacto da casa de vidro é a ausência de divisões internas. Nada de paredes separando quarto, sala, cozinha, etc. A única área cercada por paredes é o banheiro. É a simplicidade levada ao extremo no projeto e no mobiliário. Trata-se de uma casa simples para um casal disposto a levar uma vida frugal.
Também impressiona na casa de vidro o uso de materiais incomuns nesse tipo de construção até então. Aço e vidro se tornaram uma marca da arquitetura modernista em edificações comerciais, mas não nas residenciais. Os materiais usados deram ao projeto uma simplicidade e elegância notáveis. Linhas retas que tem como único contraponto o cilindro central do banheiro. A ausência de águas no telhado rompe com uma longa tradição. Águas para que, não é mesmo? Outras áreas complementam o conjunto da Casa de vidro como a Casa dos hóspedes, a piscina e o ateliê.
O conceito da casa de vidro não se adapta a qualquer situação, obviamente. Em locais quentes com muita insolação ela acabaria funcionando como uma estufa, mas hoje não é difícil encontrar casas com amplas áreas envidraçadas. Os lofts são exemplo de habitação sem paredes. Casas sem águas inclinadas no telhado também se tornaram comuns. Tudo indica que os princípios colocados na casa de vidro fermentaram e foram assimilados.
The social network Direção de David Fincher 2010 : EUA : 121 min Com Jesse Eisenber (Mark), Justin Timberlake (Sean) e Roomey Mara (Eduardo).
Quando fiquei sabendo que A rede social contava a história da fundação do Facebook recuei um passo. Vale a pena assistir um filme sobre a ascensão fulminante de uma empresa de tecnologia? O que há de interessante na biografia de um nerd de Harvard que justifique uma película de duas horas?
A ascensão do nerd
Bem, o nerd tornou-se bilionário antes de completar trinta anos de idade. Gênio, dirão alguns; estava no lugar certo na hora certa dirão outros. Excêntrico, criativo, insensível, obstinado, arrogante, visionário; os adjetivos aplicáveis ao personagem principal vão de um extremo a outro na escala que começa no elogio e termina no xingamento. A rede social é um drama psicológico que trata de formação, ética, caráter ou da falta disso tudo, se preferirem e, por isso, é um filme que vale a pena.
Adaptation Direção de Spike Jonze EUA : 2002 : 114 min Com Nicolas Cage (Kaufman), Meryl Streep (Susan) e Chris Cooper (John Laroche)
Adaptação é um meta filme, quer dizer, é um filme que fala sobre a arte de criar filmes. Eu não sabia desse detalhe antes de assisti-lo e confesso que, se soubesse, talvez desistisse de vê-o. Ainda bem que não desisti. Confesso que tenho certo preconceito contra obras de arte que falam sobre o processo de produção do artista, mas vamos admitir a hipótese que autores também são seres humanos e que os dramas enfrentados por eles têm algum resquício de universalidade.
Meta filme
Adaptação é a história de um roteirista incumbido da missão de adaptar um livro para o cinema. Além disso, o filme trata de adaptação em outros sentidos: a adaptação darwinista pela sobrevivência e a do roteiro que se adapta às reviravoltas que acontecem na cabeça do roteirista.